A falta de organização – ora por não saber o que fazer no momento dos estudos ora por não saber por onde começar – é um dos principais problemas de grande parte dos estudantes. A questão é muito maior, pois caso não seja aplicada uma forma de padronizar os estudos, perde-se muito tempo decidindo o que fazer. Isso, por si só, gera ansiedade e baixa produtividade. Com o objetivo de fornecer ferramentas que reduzam esses problemas, e dando continuidade à série iniciada no artigo “Conheça 5 princípios para um aprendizado com mais eficiência”, abordamos aqui técnicas de estudos que são facilmente aplicáveis e que trazem resultados positivos, baseadas nos princípios mencionados no artigo anterior.
Conheça 4 técnicas de estudos
- Técnica Pomodoro;
- Leitura guiada;
- Mapas mentais;
- Método Cornell.
técnica pomodoro
A técnica Pomodoro apesar de não ser uma técnica de estudo, mas sim de gerenciamento de tempo, é muito empregada para garantir o ritmo do estudante, eliminar o cansaço, gerenciar distrações e criar um melhor equilíbrio entre vida pessoal e acadêmica.
Ela consiste em dividir o tempo em blocos de 25 minutos intensos de estudo, intercalados com 5 minutos de descanso. Assim, a atividade principal deve ser compartimentada em parcelas menores factíveis nos blocos Pomodoro.
De fato, é necessário descobrir o quanto de esforço/tempo cada atividade demandará e então aplicar um ciclo de repetições que se encerra com uma pausa maior de 30 minutos. Dessa forma, é possível observar quanto tempo cada tarefa leva para ser realmente concluída, fazendo com que o aluno tenha uma visão mais realista sobre seu ritmo e velocidade.
A técnica baseia-se na ideia de que dividindo o fluxo de trabalho em blocos de concentração intensa, é possível melhorar a agilidade do cérebro e estimular o seu foco. Esse é o método clássico, mas nada impede de cada pessoa adaptar o modelo para o que mais lhe é eficaz.
leitura guiada
Como o próprio nome sugere, essa técnica de leitura utiliza um apontador (lápis, caneta ou dedo) para guiar os olhos no texto. O guia deve ser deslizado pela linha a uma velocidade superior ao confortável de leitura, de forma que os olhos o acompanhem. Desse modo, é possível que nos primeiros movimentos os olhos enxerguem as palavras como borrões, mas com a aplicação constante da técnica percebe-se mais o formato das palavras e entende-se o princípio de cada sentença.
A vantagem de acelerar o ritmo dos olhos é que se economiza tempo assimilando somente trechos realmente importantes para o entendimento do texto, desprezando aqueles que são preenchedores.
É claro que o leitor perderá alguma coisa, no entanto deve-se manter o fluxo, de modo que não haja retrocesso no texto. Adicionalmente, reduz-se a subvocalização e aumenta a concentração auxiliando o cérebro a evitar distrações com o ambiente (sons e movimento) ou divagações.
A leitura guiada é uma das principais técnicas de estudos e um dos primeiros passos para uma leitura mais rápida e pode ser desenvolvida para a leitura de varredura, muito trabalhada no método Aceleração da Leitura e do Pensamento Ativo (ALPA).
mapas mentais
O mapa mental, inventado pelo psicólogo Tony Buzan, é um tipo de diagrama usado para visualizar informações respeitando o mecanismo natural do cérebro, ou seja, não linear. Nosso raciocínio funciona de forma difusa, diferente da linearidade pressuposta por um texto comum. Dessa forma, a disposição das informações do mapa mental deve ser de dentro para fora, de modo que facilite a absorção do conteúdo por meio da organização de ideias.
Para a montagem de um mapa mental, parte-se de uma ideia central que diz respeito ao tema do diagrama. A partir dessa ideia, saem ramos representando tópicos que podem dividir-se em subtópicos, organizando o conhecimento em camadas. Além da disposição do conteúdo, dois elementos são fundamentais para um mapa mental realmente efetivo:
- Uso de cores e desenhos: como mencionado no artigo “Conheça 5 princípios para um aprendizado com mais eficiência”, o uso de cores facilita a compreensão do conteúdo e deve ser incluído na produção do mapa mental, aprimorando não só a percepção da informação, mas também a memória visual. Quanto aos desenhos, é crucial o seu uso já que aprendemos facilmente por associações visuais. Logo, desenhar algo que represente o ramo do mapa é fundamental para a eficiência do método;
- Palavras-chave: cada ramo ou subtópico é nomeado com uma palavra-chave para indicar resumidamente do que se trata. O resumo por palavras-chave também é um método de anotações que auxilia o processamento da informação pelo cérebro. Vale lembrar que palavra-chave não pode ser uma frase, muito menos um parágrafo.
Inicialmente, é comum a rejeição dos mapas mentais como forma de estudo. Isso porque muitas pessoas desistem de o desenhar, já que normalmente é uma atividade que demanda tempo.
Outro ponto que desestimula os estudantes é não conseguir resumir os tópicos em palavras-chave. Forma-se, então, um emaranhado textual e não um mapa com ideias que se desencadeiam. No entanto, a proposta do mapa mental é justamente levar um tempo maior no processo de sua criação (um tempo não necessariamente longo) Sendo assim, por sua qualidade, no futuro, facilitará as revisões do conteúdo economizando tempo a cada retorno feito.
Como mencionado em artigos anteriores, a revisão é fundamental para a consolidação da informação. Portanto, revisar mais vezes e mais rapidamente, promove a fixação do assunto.
De acordo com Felipe Lima e William Douglas (Mapas mentais e memorização para provas e concursos, 2011), estudantes conseguiram revisar cada mapa mental com até dois segundos de duração após 30 dias seguidos de revisão, mesmo tendo dificuldades inicialmente com a própria revisão e elaboração do mapa.
Isso deixa claro, ao menos, duas conclusões: primeiro, depois de um tempo de prática, não é necessário ver todo o conteúdo do mapa, ou seja, visualizar apenas um ponto traz todas as associações feitas com aquele conteúdo; segundo, não desistir no início é importante, pois, com o tempo, a habilidade de estudar por mapas mentais será desenvolvida.
Finalmente, o mapa mental utiliza quatro princípios para uma melhor aprendizagem: revisões periódicas, cores e desenhos, palavras-chave, e associações. Em outras palavras, é uma das técnicas de estudos mais completas.
método cornell
O método Cornell, desenvolvido na década de 1950, na Universidade de Cornell, pelo professor Walter Pauk, e publicado no livro How to study in college (Como estudar na faculdade, 1962), é um modelo sistemático que serve para condensar e organizar anotações permitindo uma rápida revisão do conteúdo.
O método consiste em dividir a folha em três partes e destiná-las para três tipos diferentes de anotações. É justamente em seu layout que reside a sua força. Uma linha vertical delimita duas colunas ao longo da folha e uma horizontal divide as últimas cinco linhas da página (figura abaixo).
A coluna da direta ocupa a maior parte da página. Ela é duas a três vezes maior que a coluna da esquerda (a largura das colunas é variável de acordo com as necessidades). Na coluna da direita, serão feitas as anotações gerais dos principais conceitos. Mas, resumidamente, onde cada sentença tenha no máximo dez palavras utilizando abreviações e símbolos.
Na coluna da esquerda são dispostas as palavras-chave ou subtítulos escritos na forma de perguntas que são respondidas pelo conteúdo que está na coluna da direita. No final da página, está a terceira parte que contém o resumo ou conclusão do assunto, e no topo, opcionalmente, coloca-se o cabeçalho.
A forma de uso deste método explora momentos tanto dentro da sala de aula quanto fora dela. As anotações na coluna da direita são realizadas em sala, enquanto as perguntas/palavras-chave podem ser criadas após a aula, de acordo com o que foi anotado. Uma forma de estudar (ou revisar) por esse sistema é cobrir a parte direita e responder mentalmente as perguntas da esquerda. E, por último, o resumo deve ser escrito a partir do próprio entendimento, concentrando o máximo de informação em menos palavras.
O método Cornell possibilita esclarecer os conteúdos estabelecendo relações e significados entre eles por meio das perguntas formuladas. Além disso, os resumos ajudam a identificar lacunas que podem ser sanadas posteriormente, bem como agilizam o processo de revisão sistemática do assunto.
Hoje é uma das técnicas de estudos mais bem difundida entre pré-vestibulandos para anotações durante as aulas e tem um alto poder de síntese aplicado à organização e ao princípio da palavra-chave.
Enfim, estudar por várias horas não é sinônimo de aprender. Ainda mais se as formas de estudos não englobarem táticas de organização e um método de estratégia definido. Em paralelo, cada pessoa se adequa a um modelo e tem resultados melhores em diferentes sistemas de organização. Entretanto, é necessário testar diferentes modelos para encontrar qual é o mais apropriado para você. Por tal motivo, o próximo artigo continuará elencando as principais e mais renomadas técnicas de estudos que podem contribuir em sua rotina diárias de estudos.
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*artigo escrito por Lorenzo Ferrari Assú Tessari, especialista em aprendizagem e metodologias de ensino. Formado em Ciências Biológicas pela Ufes, mestre em Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia pela UFPR, e diretor e cofundador da Gama Ensino e da Anole.