A adolescência é um período desafiador tanto para quem vive quanto para os pais e responsáveis. E não para por aí, pois os descobrimentos que surgem fazem com que esses jovens vivenciem momentos que muitas vezes geram dúvidas sobre seu autoconhecimento em geral, pensamentos e sentimentos – Síndrome do Impostor. Essa fase é marcada pelo período do amadurecimento, onde aspectos físicos e mentais se transformam, entrando assim na vida adulta. Uma mistura de sensações e comportamentos que em alguns momentos geram aprendizados mas em outros, decepções.
Atualmente, muitas famílias relatam seus esforços na relação com os filhos, mas também expõem dificuldade de interação, sentindo medo de perder a conexão e o laço de confiança que criaram desde o período da infância. Isso pode ser resultado de jovens com dificuldade de se relacionar, comunicar o que pensam, expressar o que sentem e, principalmente, de reconhecer o seu lugar na família, no mundo e para si.
A Síndrome do Impostor vem afetando pré-adolescentes (10 anos a 14 anos) e adolescentes (15 anos a 19 anos completos) com mais velocidade nos últimos três anos, com causas variadas, como, por exemplo:
- Questões sociais;
- Criação familiar;
- Origens econômicas;
- Experiências vividas.
Mas o que caracteriza a Síndrome do Impostor?
As pessoas que possuem essa síndrome têm uma facilidade de se diminuir, pois colocam-se como incapazes de realizar algo que gere destaque ou algum tipo de merecimento. Sendo assim, sua prática de autossabotagem ganha mais força. Sendo assim, ele mesmo cria um falso mundo em sua mente de que é insuficiente ou incompetente.
Muitos jovens e até mesmo adultos descrevem-se de forma negativa, gerando, portanto, um sentimento de angústia, medo e cada vez mais sentimento de não merecer recompensas ou felicitações. Tudo o que fazem de bom, para eles, não passa de sorte do universo.
A Síndrome do Impostor está associada ao perfeccionismo, que nada mais é do que um comportamento de querer fazer tudo perfeito. Não permite errar e com baixa tolerância ao erro do outro. Dessa forma, essas pessoas possuem um alto nível de cobrança e quando suas expectativas não são alcançadas, gera frustração.
Mas quais são os principais sinais da Síndrome do Impostor nos adolescentes?
- Esforço excessivo;
- Autossabotagem;
- Procrastinar atividades;
- Medo de se expor;
- Comparação com os outros;
- Querer sempre agradar;
- “Será que sou uma fraude?”.
esforço excessivo
Gerar destaque no meio de vários outros adolescentes, principalmente do grupo que estão inseridos, como escola, é um desafio. Com isso, um sinal importante e bem característico é o de acreditar ser necessário se esforçar demais, de forma exagerada, a fim de justificar seu bom desempenho. Uma nota boa que é tirada na prova, por mais que tenha tido disciplina nos estudos, é para ele, uma mera coincidência.
autossabotagem
A autossabotagem também não fica atrás. Pois dificultar ou se prejudicar em uma tarefa, para eles, ocasiona desmotivação nas outras pessoas em querer julgá-lo.
procrastinar atividades
O ato de procrastinar atividades é bastante repetitivo, uma vez que o sentimento de insegurança é ativado. Deixar os compromissos, como trabalho em grupo da escola, para a última hora, na cabeça de alguns jovens, pode ser uma forma de fuga. Não que sejam incapazes de realizar tal tarefa, mas sim de ter medo da opinião do outro sobre algo que fez.
medo de se expor
Já o medo de se expor, que não deixa de estar associado ao sinal anterior, é identificado por aquela pessoa que não gosta de ser escolhida para apresentar um trabalho na frente da turma. Claro que esse comportamento não é exclusivo da síndrome, mas esse indivíduo específico com certeza fez o trabalho completo, mesmo existindo outros colegas no grupo, mas foge dessa responsabilidade.
Na maioria das vezes, existe até um combinado de direcionamento de tarefas: esse faz tudo para tirar a melhor nota para si e para os amigos e os demais, fazem a apresentação. A dificuldade de receber aplausos e elogios os faz querer evitar esse tipo de vivência. Ademais, o medo de ser avaliado ou criticado fala mais alto, gerando a ação de válvula de escape.
comparação com os outros
Se comparar aos outros é um vício entre os jovens, que na maioria das vezes acaba levando consigo essa ação desnecessária para a vida adulta, gerando angústia, sentimentos de insuficiência e não se ver pertencendo a algum grupo.
Fazer um joguinho mental consigo mesmo, classificando-se como melhor ou pior do que alguém em algo, gera tristeza profunda, podendo desenvolver problemas relacionada à depressão. E mesmo obtendo evidências do quanto se é inteligente, por exemplo, nunca será o bastante em relação aos outros.
querer sempre agradar
Ser carismático com todos, querer sempre agradar e ser destaque nisso é uma característica bastante relevante. Essas formas são apenas para conseguir aprovação do outro e farão isso até em situações humilhantes se for necessário. Pessoas assim se cobram muito, portando, na maioria dos casos, ansiedade, devido o medo de ser desmascarados ou substituídos, e estresse ainda na fase da adolescência.
“será que sou uma fraude?”
Ter o pensamento repetitivo de: “será que sou uma fraude?”, “será que eu mereço mesmo?” ou “será que sou bom o suficiente?”. Quem pensa assim de si está apenas buscando meios de se isolar para não ter que se deparar com alguém que vá o interrogar de algo. Mesmo os adolescentes que gostam de se socializar, quando o assunto lhe torna o centro das atenções, a tendência é mentir sobre algo para conseguir desaparecer naquele momento.
Quais seriam os pensamentos mais adequados para quem sofre disso?
- Preciso aceitar os elogios que estão me fazendo. Existem pessoas verdadeiras no mundo;
- Sou merecedor de estar onde cheguei. Não sei de tudo, mas com meu esforço conseguirei;
- Sei como ter sucesso nas minhas provas. Irei compartilhar isso com alguém;
- Vou tirar um dia para fazer algo que eu goste. Só estudar o dia todo para ser o melhor é exaustivo. Não preciso acertar sempre. Cada dia de uma vez;
- Qualquer ser humano possui competências e fragilidades. Não preciso ficar me comparando. Posso me aperfeiçoar sempre que errar em algo, apenas para o meu crescimento;
- Todo meu esforço e organização não podem ser em vão. Preciso me valorizar mais sem preocupar com a opinião do outro. Ninguém é perfeito mesmo.
Como tratar?
Síndromes são manifestações de vários sinais e sintomas, que se misturam, formando no indivíduo diferentes tipos de reações. Denominamos algo como Síndrome quando a doença em si não foi concluída ou possui outros fatores relevantes para investigar.
Quadros assim, precisam ser avaliados por profissionais da área da saúde, sem outra alternativa. Pode ser tratado e se recente, desconstruído os sintomas com mais facilidade, gerando assim para o paciente melhor qualidade de vida.
A Síndrome do Impostor, especificamente, o recomendável é procurar um profissional da área da Psicologia e da Psiquiatria, para, juntos, traçarem o melhor tratamento, de forma única e de acordo com o perfil daquele indivíduo.
Qual é a abordagem mais indicada na Psicologia para esse acompanhamento?
A Terapia Cognitivo Comportamental, mais conhecida como a TCC, é repleta de técnicas que dão clareza para o profissional na identificação da crença central do indivíduo. Ela faz entender a verdadeira raiz de sua demanda e, além disso, direciona o tratamento de forma mais precisa.
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*artigo escrito por Karime Marconcini. Graduada em Psicologia, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e Neurociência. Atualmente, cursa uma nova especialização em Psicologia Positiva, Ciência do Bem-Estar e Autorrealização.
Adorei ,muito bem esclarecido,de enorme ajuda para as famílias saberem como reconhecerem momentos na vida de seus filhos
Parabéns karime vc é uma excelente profissional.
Obrigada!
Excelente Artigo, parabéns! Muito esclarecedor!
Fico feliz! Obrigada.
Cade os fatores