Em um pequeno planeta, morava um grupo de pais que sonhava sempre em brincar e passar seu tempo com seus filhos, no intuito de não perder nada de sua infância.
Antes de continuar nossa história, preciso contar que as crianças daquele planeta tinham tarefas suficientes para preencher todos os dias de sua infância. Não importa se na ausência ou presença dos pais, elas tinham atividades em tempo integral. Por lá, todos acreditavam que quanto mais estímulo se dava para criança, mais facilmente ela galgaria etapas no seu desenvolvimento. Poucos eram os pais que não concordavam com esse ritmo, mas o permitiam, talvez para que elas não sentissem o peso da sua ausência.
Deixo claro que o objetivo aqui não é julgar nenhum desses pais e sim expor as possíveis causas da falta de proatividade, ânimo, alegria e também das inconstâncias e tédio, dos futuros jovens dessas história.
Ao chegarem em casa toda noite, esses pais deixavam os afazeres domésticos, esqueciam o cansaço e ofereciam para a criança seu tempo e as brincadeiras. Era tudo maravilhoso, as crianças eram alegres e aprenderam a esperar por brincadeiras diferentes a cada dia.
O tempo passou e o mercado de trabalho exigia mais tempo e rapidez. E os pais? Ficaram sobrecarregados. E as crianças? Cresciam a espera dos estímulos dos pais. Foi nessa parte da história que surgiram os eletrônicos, com promessas de muita diversão. Mas sabemos que a diferença do remédio para o veneno é a dose.
E como as crianças desse lugar precisavam de estímulos externos a todo momento, quando não os encontravam, ficavam desmotivadas, inquietas e irritadas. Foi aí que os pais perceberam que elas não sabiam como se divertir sozinhas e eles não conseguiram mais dar conta da situação. Mais eletrônicos? A vida tinha virado um caos.
O que fazer? Esses pais se questionavam dia e noite
Entretanto, depois de muitas reuniões entre pais, lembrando de suas infâncias, em especial da frase “menino, vai caçar coisa para fazer” dita por suas mães, descobriram que a resposta de tudo estava no “ócio”.
Era no ócio que eles pensavam, questionavam, desenvolviam independência, estimulavam suas criatividades e seus sentidos. Como a percepção do barulho dos pássaros, do vento, das ondas, do brilho das estrelas, da brisa no rosto.
O “fazer nada sem direcionamento” criava experiências próprias, fazendo com que as crianças conseguissem lidar, sem estresse, com os momentos monótonos do dia (à espera de uma consulta, um filme, um corte de cabelo, à espera da mãe fazendo compras e por aí vai).
Foi assim que nasceu a hora do NADA. A hora do nada fez com que esse planeta voltasse a ter gerações com jovens mais tolerantes, proativos, equilibrados e alegres. Muitos devem estar se perguntando como ficaram os pais. Permita-me dizer que por hora prefiro deixar que cada um imagine.
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*artigo escrito por Claudia Maestri, médica formada pela Emescam, mestre e doutora pela USP de Ribeirão Preto, e pós-doutora pela Unifesp em ciências visuais. Criadora do programa EYE PREVENT FOR KIDS, cujo compromisso é diminuir a cegueira no mundo. Autora do livro “oftalmopediatria in foco, contada em prosa”.
Parabéns dra Claudia Maestri.
Você ajuda as famílias a se construirem !
Muitas vezes não sabemos mesmo o que fazer se não pararmos para colocar as ideias no lugar. Isso está faltando para nossas crianças.
Excelente artigo! Parabéns!!!
Dra Cláudia , Parabéns!!! Por grande sabedoria e simplicidade,que Deus continue te abençoando e iluminando 💐🌹
Dra Cláudia,Parabéns!!! Por grande sabedoria e simplicidade, que Deus continue te abençoando e iluminando 💐🌹
Parabéns Claudinha! Vc sempre estimulando e contribuindo na melhoria da relação entre pais e filhos.