Insegurança. Essa é a palavra que define o sentimento de qualquer adolescente de 15 ou 16 anos que se aproxima do vestibular. Qual profissão seguir, se vai ganhar bem ou se depois vai se arrepender da escolha são algumas das questões mais comuns. Por isso o Colégio Bagozzi, de Curitiba, realiza o projeto Adolescer para Crescer, que auxilia alunos do ensino médio nesse momento tão cheio de dúvidas.
O Adolescer para Crescer foi desenvolvido pela psicopedagoga Silvana Vaz, especialista em inteligência emocional e comportamental, para aplicação em escolas. Só no Bagozzi, em 2021, serão cerca de 120 adolescentes atendidos.
“Nós iniciamos pelos estudantes do segundo ano, porque estão no auge da adolescência e nessa fase já começam a sentir o peso das escolhas relacionadas ao futuro”, explica a diretora-geral da Rede OSJ de Educação, Angela Basso.
A mentoria é conduzida diretamente pela psicopedagoga, que passa cerca de uma hora com cada aluno, entendendo seus contextos familiares, individuais e de interesses. “O foco da conversa não é a profissão, mas sim a jornada de vida do estudante, desde o seu nascimento. É um olhar para a continuidade, não para o fim das coisas. Observo sua história, sua personalidade, seus hobbies, suas dificuldades de relacionamento e vários outros aspectos que interferem nas escolhas”.
Ela explica que tradicionalmente os adolescentes são submetidos muito cedo à “escolha da profissão”, mas que mais importante é terem clareza de suas habilidades e vocações, da área de interesse com mais afinidade e, acima de tudo, por onde gostariam de começar essa jornada. “Vocação não se define na profissão. É, sim, um meio pelo qual se entrega para o mundo aquilo que já transborda de dentro de você e que vai tomar forma ao longo da vida”, diz Silvana.
Início de jornada
De acordo com a especialista, falar em “começo da jornada” ajuda o aluno a entender que ele não está elegendo o trabalho que fará para sempre (o que seria assustador). “O mundo profissional não é assim, imóvel. Existirão inúmeras possibilidades, sempre. Por isso o mais importante é o autoconhecimento para seguir com segurança pelas áreas onde ele terá mais chance de desenvolver o que gosta e alcançar seus sonhos”, detalha a psicopedagoga.
Silvana também ajuda os jovens a se conectarem com referências positivas em suas áreas de interesse. “Eles sempre chegam muito impressionados com histórias que não deram certo. Tento mudar essa perspectiva e indico exercícios, filmes, séries e referências positivas, sem nunca dizer que curso devem escolher, mas os ajudando a enxergar coisas que ainda não estavam no seu repertório de vida”.
“A mentoria me fez entender melhor as coisas e me ajudou a ter um foco maior nas opções que considero. Foi como um estalo, uma virada de chave”, conta Isabela Fernanda Paes, de 15 anos, aluna do segundo ano do ensino médio do Colégio Bagozzi, em Curitiba.
A diretora-geral da Rede OSJ de Educação frisa a importância dessa individualização do processo. “A aplicação de um teste escrito ou uma feira de profissões, por exemplo, não dão conta de conduzir o aluno nesse tipo de reflexão mais profunda. E ele nem sempre vai aceitar o apoio da família para isso, porque o contexto familiar é sistêmico e envolve outras questões, perspectivas, expectativas e até pressão por parte de algum familiar”, conta Angela.
Adolescer para Crescer
O Adolescer para Crescer foi iniciado no Colégio Bagozzi em 2018 mas ganhou força em 2021 devido aos efeitos da pandemia na vida dos adolescentes. “Essa é a fase da vida em que, bioquímica e biologicamente, o ser humano se desconecta de algumas bases e busca socializar fora do ambiente familiar. Mas isso não foi possível no ano passado e a busca dos adolescentes aconteceu no ambiente virtual”, conta Silvana.
A especialista explica que, para alguns, esse “distanciamento da realidade”, do “mundo lá fora”, dificultou ainda mais o processo de decisão. Além disso, segundo ela, as novas gerações tendem ao imediatismo. Isso amplia a insegurança relacionada a decisões que exigirão constância, como são a faculdade e a carreira profissional.
“O mais importante para que esse processo de mentoria gere frutos é o acolhimento. Por isso trabalhamos a partir dos pilares do autoconhecimento, da valorização da vida, das reconciliações e da gratidão à família. Só aí podemos saber quem somos como indivíduos e seguir em frente em nossos sonhos e projetos”, explica.
A diretora-geral da Rede OSJ de Educação destaca esse olhar voltado ao aluno. “A perspectiva individual e familiar é o cerne da nossa atuação. Por isso escolhemos um projeto que trouxesse uma abordagem mais acolhedora e atenta para esse momento de escolha da formação e carreira profissional”, finaliza Angela.
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