Mesmo que seja um direito constitucional, adotar um plano de educação que tenha, na prática, uma forma inclusiva, ainda é um grande entrave do setor educacional do país. Ao longo dos anos, avanços legais e adoção de políticas públicas trouxeram progressos, mas a temática ainda apresenta lacunas na trajetória.
De acordo com o IBGE, 6,7% da população brasileira têm algum tipo de deficiência. Em paralelo, os dados do último Censo Escolar, de 2010, mostram que quase 35% dessa população está fora da escola.
Do diagnóstico singular de cada escola à execução, a educação inclusiva enfrenta os desafios que a maioria das escolas pratica: o ensino tradicional, que em grande parte não aplica a tecnologia de forma efetiva e coloca o aluno em segundo plano.
Além disso, as atividades são realizadas apenas para uma “parcela” da sala de aula. Isso faz com que o educador tenha que adaptar cada processo ou cada aula para os diferentes alunos.
De acordo com o CEO da Sejunta Guilherme Camargo, mesmo que o Brasil seja referência no quesito educação inclusiva, o tema ainda é, muitas vezes, tratado como ensino especial.
“A educação inclusiva é a integração dos processos de ensino e aprendizagem que rompe a exclusão de todas as minorias do país. Podemos chamar de ensino inclusivo aquele que promove, na prática, a inclusão do aluno, sobretudo estudantes com deficiência, em todas as atividades desenvolvidas em sala de aula”, diz.
Educação inclusiva: tecnologia e acessbilidade
Desde a base, a educação inclusiva envolve a disponibilidade ferramentas que se tornem recursos de uma equidade mais real. Ou seja, avaliar de forma personalizada e entender a especificidade de cada aluno engloba os princípios de uma sala de aula que seja acessível a todos.
“As crianças têm que ser incluídas em todo o contexto da história. Além de criar espaço para o debate, as escolas precisam de fácil acessibilidade, já que a tecnologia pode tornar a sala de aula mais inclusiva”, analisa Guilherme.
Um diálogo constante entre responsáveis, tutores, escola e educador definem as melhores práticas. Educação inclusiva envolve as pessoas do processo, que podem definir estratégias e corrigir rotas.
Para o CEO da Sejunta, quando executada de maneira correta, a tecnologia torna a ideia de “sala de aula acessível” mais efetiva. Os recursos tecnológicos podem romper as barreiras do ensino.
“A tecnologia possibilita aos alunos que possuem algum tipo de deficiência o alcance de tarefas que, sem o suporte, não conseguiriam. Mais do que causar equidade, a tecnologia permite que o aluno realize o que sempre quis”, explica.
A visão de que a educação inclusiva é algo alcançável pode ser percebida com a adoção de algumas ferramentas.
Itens essenciais que a tecnologia pode atuar na inclusão:
- Visão;
- Audição;
- Mobilidade;
- Cognição.
Visão
O recurso mais utilizado pelos deficientes visuais é o VoiceOver, que lê em voz alta o conteúdo da tela. No iPad, é possível dar zoom em textos e imagens, destacar palavras e, até mesmo, mudar o padrão de cores, propiciando uma educação inclusiva também para alunos daltónicos.
Audição
O iPad consegue conectar aparelhos auditivos com conexão sem fio. Dessa forma, pode ser usado para amplificar o som das aulas presenciais ou o áudio de gravações e vídeos. Além disso, o dispositivo pode exibir legendas e sinalizações visuais para chamar a atenção do aluno.
mobilidade
É possível personalizar a sensibilidade da tela, explorar comandos por voz, bem como conectar acessórios que auxiliem o estudante a controlar o iPad.
Cognição
Os dispositivos Apple oferecem recursos que podem ser úteis para pessoas com déficit de atenção, por exemplo. Então dá para personalizar atalhos, usar assistente por voz e fixar um app específico controlado pelo professor. Além disso, a App Store possui aplicativos educacionais voltados a dificuldades cognitivas, como a dislexia.
O uso da tecnologia torna os alunos protagonistas do próprio aprendizado, de forma que conduzam o conhecimento às próprias necessidades. “As tecnologias são parte fundamental da equação de uma escola inclusiva. Fazer com que a implementação dos dispositivos e recursos sejam mais facilitados ajuda o processo de ensino e torna o ambiente escolar mais preparado”, finaliza Guilherme.
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