Nos últimos dias, o Ministério da Educação (MEC) – junto ao Inep – anunciou as mudanças de como será o novo modelo do Enem. Todas elas baseadas nas diretrizes do Novo Ensino Médio, que entra em vigor em sua totalidade a partir de 2024. Para entender algumas das mudanças que serão empregadas, é necessário antes entender o que o Novo Ensino Médio.
O Novo Ensino Médio
Em 2017, foi definida uma nova estrutura para o ensino médio brasileiro até o presente ano de 2022, aumentando a carga mínima escolar de 800 para 1000 horas anuais. Além disso, adotou uma organização curricular mais flexível para os estudos do aluno. Nessa nova organização, o aluno cumpre um cronograma que pode ser dividido em duas partes.
A primeira parte, comum a todos, contempla: conhecimentos, competências e habilidades elementares da educação básica. Elas são ditadas por uma matriz nacional curricular, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A segunda parte é preenchida com os Itinerários Formativos. Os Itinerários Formativos são um conjunto de cursos, oficinas, grupos de estudos, simulações, projetos e ações. Eles compõem a parte flexível do cronograma oferecido pela escola, permite o aluno a escolher a área de conhecimento a qual focar.
Mas são por meio dos itinerários que o cronograma trará o aprofundamento e a especificidade dentro das áreas:
- Matemática e suas Tecnologias;
- Linguagens e suas Tecnologias;
- Ciências da Natureza e suas Tecnologias;
- Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e da Formação Técnica Profissional.
Com o Novo Ensino Médio, procura-se atender o protagonismo e as necessidades atuais formadoras dos jovens. Mas todas se pautando na diversidade da orientação curricular dos itinerários e na integridade básica de ensino da BNCC.
Mudanças do novo Enem
Assim como no modelo atual, o exame contará com duas etapas. Mas, segundo o MEC, as mudanças do novo Enem vão entrar em conformidade com novo formato do Ensino Médio.
A primeira etapa abordará de forma interdisciplinar a formação básica do Novo Ensino Médio, guiada pelas diretrizes da BNCC. A etapa inicial é comum a todos os candidatos. Nela serão cobradas a redação e questões objetivas de múltipla escolha. Elas então avaliarão competências gerais, competências específicas e habilidades das áreas de conhecimento com destaque em português e matemática.
Exclui-se a opção do espanhol como língua estrangeira. Mas fica apenas como única opção o inglês, que poderá estar integrada a outras matérias.
Já a segunda prova será de acordo com o itinerário formativo optado pelo estudante durante o ensino médio. Ela trabalhará os eixos estruturantes dos itinerários, bem como o aprofundamento das habilidades da BNCC.
Essa etapa possibilita ao candidato escolher entre quatro opções de prova levando em conta também as exigências do curso superior que deseja ingressar. Na tabela abaixo se encontram os quatro blocos possíveis das provas.
Outro ponto importante, mas talvez o de maior desespero por parte dos candidatos, é a inserção de questões abertas (discursivas) na segunda etapa do novo Enem. Além de responderem a questões objetivas de múltipla escolha referente ao bloco optado, o Conselho Nacional de Educação também prevê que candidato testará os seus conhecimentos em questões discursivas na prova do segundo dia.
Além das mudanças curriculares no novo Enem, a transição para o exame digital ocorrerá de maneira gradual. Então busca-se intensificação do uso de tecnologias para acelerar os processos que envolvem essa modalidade. Como exemplo há o uso de inteligência artificial para correção de questões discursivas e redação. Vale ressaltar, entretanto, que o MEC e o Inep asseguram as provas físicas até que todos os candidatos tenham acesso ao modelo digital.
Candidatos que apresentem curso de ensino técnico em seu currículo poderão ter bonificação caso haja alinhamento do curso técnico com o curso superior desejado.
O novo Enem vem como consequência da implantação do Novo Ensino Médio. E em meio a polêmicas e críticas sob a forma como foram conduzidos, então ambos buscam uma atualização das competências dos jovens como poder reflexivo, protagonismo, alinhamento mais próximo do mercado de trabalho, entre outros atributos.
As próximas duas edições do Enem (2022 e 2023) seguem no modelo vigente. Mas em paralelo, ocorrerá a implementação do Novo Ensino Médio, para em 2024, o ciclo de três anos estar completamente em vigor. E, dessa forma, possibilitar a aplicação do novo Enem para os alunos que hoje cursam o 1º ano do ensino médio.
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*artigo escrito por Lorenzo Ferrari Assú Tessari, especialista em aprendizagem e metodologias de ensino e diretor e cofundador da Gama Ensino e da Anole.