Os últimos anos trouxeram uma intensa mudança para o universo escolar. Salas de aulas híbridas, uso de tecnologias para facilitar o aprendizado e cuidados com a saúde emococional e psicológica dos alunos são alguns dos elementos comuns à realidade da maioria das instituições de ensino em 2022. Entretanto, há temas que continuam a ocupar espaço na agenda dos educadores. Um deles é o bullying.
Diversos autores já estão estudando os impactos da pandemia na conduta e no desempenho dos alunos. Mas não é preciso uma análise muito profunda para perceber que o isolamento afetou, e muito, crianças e adolescentes de todas as idades, em especial no que tange a socialização.
O apego excessivoa aos aparelhos celulares também se mostrou um agravante após o retorno e a possibilidade de registrar um colega sem consentimento ou de divulgá-lo sem autorização. Tudo isso com facilidade, tornando-se uma enorme preocupação da equipe pedagógica. O receio no aumento de casos de bullying e cyberbullying virou uma realidade.
É fácil perceber um aumento em casos de indisciplina, principalmente no início do ano. Isso já era esperado e o importante, então, é estar preparado e não negligenciar nenhuma situação do tipo.
Para enfrentarmos alguns desses desafios, é preciso muito envolvimento, trocas com os alunos e ações em conjunto como forma de resolução. O ponto principal é mostrar que o bullying é algo que afeta o coletivo e, portanto, tem de ser combatido coletivamente.
Quando é identificado uma situação em certa turma ou grupo de alunos, os encaminhamentos precisam ser feitos com os envolvidos. Mas, também, com o restante do grupo, mesmo que eles não estejam relacionados diretamente.
Dessa forma, é possível aproveitar as vivências dos próprios estudantes para elucidar o trabalho de conscientização que deve ser feito.
O papel dos educadores no combate ao bullying
Nesse contexto, todos os colaboradores têm papel importante. O olhar cuidadoso e atento dos docentes continua a ser um fator diferenciado. Com pequenas internvenções em sala de aula, ou à frente de projetos interdisciplinares, o vínculo entre professor e aluno continuará a ser eficaz no combate ao bullying.
Se há envolvimento, há, então, maior respeito entre todos e, com isso, há menos espaço para casos de bullying no dia a dia.
Outro ponto fundamental no combate a esse tipo de violência é o envolvimento das famílias. Ter um diálogo aberto com os responsáveis, garantir a transparência das situações que ocorrem e definir alinhamentos de condutas são vitais para o sucesso e a eficácia das ações propostas pela escola.
É possível, também, combater o bullying de uma forma mais ampla: criar ambientes acolhedores, nos quais os alunos sintam-se confortáveis e fomentem uma cultura de respeito à diversidade, que ajuda a construir um senso coletivo de respeito e de não tolerância a esse tipo de violência.
Muitas escolas têm incorporado à grade de aulas disciplinas como Projeto de Vida. Ela traz em sua proposta ações e reflexões para trabalhar temas diferentes relacionados ao assunto.
Por esses motivos, se antes da pandemia o tema já não era fácil de ser vencido, agora, no pós, com as sequelas do isolamento, pode ser ainda mais difícil.
Mas é possível, de fato, minimizar os episódios e fomentar uma cultura de não tolerância a esse tipo de conduta. Atuar na prevenção e na conscientização, constantemente, é vital. Afinal, educar é sempre o melhor caminho.
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*artigo escrito por Marcos Spagnoli. Coordenador pedagógico da rede de colégios Luminova. Possui MBA em Gestão Escolar pela USP Esalq, foi professor de Geografia, Empreendedorismo e Projeto de Vida.