A aprendizagem é um processo complexo e multifacetado, e uma de suas facetas, talvez a maior delas, é a interação entre cérebro e ambiente. Em outras palavras, o ambiente influencia a maneira como o cérebro processa e armazena informações. Logo, essa relação é fundamental para a formação da memória e construção do conhecimento. Mas, para definirmos quais são os fatores que afetam a nossa aprendizagem, é importante entendermos como esses processos funcionam no corpo humano.
Estímulos sensoriais, contexto emocional, nível de desafio, estrutura, organização e interação social são apenas algumas formas que esse ambiente se apresenta. Quando vivenciamos experiências e interagimos com o ambiente, o cérebro cria engramas, que são conjuntos específicos de neurônios que armazenam informações e experiências. Esses engramas são formados a partir das conexões sinápticas entre os neurônios, fortalecidos através da repetição e do reforço dessas experiências, e serão sempre ativados quando aquela determinada experiência ser revisitada de alguma forma.
Assim, podemos observar que as técnicas de aprendizagem funcionam justamente modulando e criando um ambiente adequado para o desenvolvimento das habilidades cognitivas e a formação de memórias duradouras. Entretanto, antes de aplicarmos alguma técnica, precisamos entender que existem 4 fatores que impactam diretamente no grau de aprendizagem. Até porque, sem eles, dificilmente uma técnica terá resultados consideravelmente positivos.
- Foco atencional;
- Motivação;
- Grau de alerta;
- Sono.
Foco atencional
É um componente vital na criação de memórias, pois permite que o cérebro se concentre em informações específicas e pertinentes, ignorando outras distrações. Dessa forma, o cérebro pode processar e armazenar informações de forma mais eficaz, concentrando-se em um determinado estímulo. A falta de foco atencional reduz drasticamente a quantidade de informações armazenadas e posteriormente recuperadas.
Motivação
Como ela afeta a quantidade de trabalho e energia gastos no processamento e armazenamento de informações é outro fator importante na formação da memória. Pessoas motivadas estão mais dispostas a participar ativamente do aprendizado, o que promove o desenvolvimento de conexões cerebrais mais fortes.
A motivação também contribui para a consolidação da memória, pois os eventos emocionalmente carregados ou motivadores têm maior probabilidade de serem retidos ao longo do tempo, muito por conta do neurotransmissor dopamina, que tem a sua liberação realizada previamente a eventos motivadores e satisfatórios, transformando aquela experiência em algo a ser recordado pelo cérebro.
Grau de alerta
O nível de alerta de uma pessoa afeta o quão bem ela pode receber e lembrar as novas informações. Estar acordado e atento maximiza a capacidade de processamento de informações e criação de memória. Por outro lado, a capacidade do cérebro focar e processar informações compromete-se pela exaustão ou sonolência, o que dificulta o estabelecimento de memórias. Para que o cérebro funcione da melhor forma, é preciso manter um nível de alerta suficiente para que o cérebro entenda que aquilo é, de fato, importante.
Sono
É essencial para a consolidação da memória, pois é quando o cérebro analisa e armazena as informações que vêm processando ao longo do dia. O cérebro passa por ciclos de atividade quando dormimos, permitindo-nos examinar e fortalecer as conexões sinápticas feitas durante o aprendizado. Por isso, a falta de sono pode ter consequências negativas duradouras no desenvolvimento da memória, afetando a capacidade de retenção e recuperação de informações de uma pessoa, além de levar à atrofia do hipocampo, região neuronal essencial para a formação da memória.
É importante mencionar que, para uma aprendizagem eficaz, é fundamental reforçar um ambiente propício e engajador que estimule a atenção, a motivação e a curiosidade. Afinal, isso facilita a formação de engramas e, consequentemente, a consolidação das memórias.
Sendo assim, entendo que o processo de formação de memória é abrangente e enfatizo que pode ser potencializado a partir de mudanças habituais cotidianas facilmente empregadas, para posteriormente, serem potencializadas com técnicas de estudos e aprendizagens específicas.
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*artigo escrito por Lorenzo Tessari. Chief Operating Officer (COO) da Gama Ensino, startup de tecnologia desenvolvedora de um algoritmo proprietário que identifica os gaps de aprendizado dos alunos para o direcionamento dos seus estudos.