No ENEM de 2019, antes da pandemia e quando os números ainda eram recorrentes, 61,7% dos inscritos na prova tinham no máximo 20 anos de idade. Já parou para pensar o quanto pode ser sofrido e cruel ter que decidir o que fazer para o resto da vida beirando ainda os 20 anos? E, para agravar esse cenário, o jovem acaba por tomar essa decisão sem nenhuma referência real, ou seja, sem acesso a nenhum conteúdo útil e prático sobre o mercado de trabalho.
De acordo com Leonardo Libman, sócio-fundador e CEO da Seren, edtech brasileira desenvolvedora da metodologia de ensino baseada na experimentação vocacional, falamos pouco nas escolas sobre o dia a dia das profissões e sobre aquilo que realmente importa para pesarmos na hora de decidir que caminho ingressar no mercado de trabalho. “Falta democratizar o acesso ao conhecimento profissional útil, que mostre o mercado de trabalho para os jovens de forma com que eles entendam e relacionem o que vêem em sala de aula com o que se pratica no dia a dia profissional. Assim, eles conseguirão se envolver mais, entender e relacionar mais suas vocações e habilidades com o que querem fazer no futuro. Ou seja, o que falta é abraçarmos mais os jovens e suas dúvidas nesse período tão delicado, usando a sala de aula como espaço para isso. A Seren surgiu desse pensamento”, afirma.
Grande parte das pessoas escolhe uma faculdade ou segue uma profissão com a qual não se identifica realmente porque é obrigado a tomar essa decisão de forma subjetiva, sem conhecer concretamente o caminho que optou. O Novo Ensino Médio chega para mudar um pouco esse cenário, já que um dos seus pilares principais é o “Projeto de Vida”, que proporciona aos jovens a oportunidade de definir os próprios planos de estudo a partir das preferências e interesses.
Entretanto, uma das preocupações é que, apesar do jovem criar o seu projeto de vida, ele ainda não tenha acesso ao cardápio grande de possibilidades que é o mercado de trabalho atual, que se renova a cada ano com novas possibilidades com a modernização das áreas. Diante desse cenário, Leonardo fala sobre os cinco erros mais comuns na escolha da profissão.
1. Definir a profissão cedo
Escolher sua carreira sem ao menos experimentar. Afinal, na vida, antes de comprarmos um carro, fazemos o test drive, antes de casarmos, namoramos; antes de ler um livro, conhecemos o prefácio, enfim, experimentamos sempre para aumentar significativamente o nosso conhecimento e potencializar a assertividade na escolha.
2. Escolher a carreira por meio da imposição dos pais
O ser humano é único e irrepetível. É muito comum vermos jovens tomando decisões de carreira influenciados pelos familiares próximos, com base em opiniões alheias. Para escrever os capítulos mais relevantes de nossas vidas, por que não utilizar ferramentas que geram dados para vermos onde nossas habilidades e competências melhor se adaptam?!
3. Escolher a profissão sem ajuda de especialistas e profissionais da área
Entenda que, sozinho, a escola não irá te oferecer todos os requisitos necessários para sua realização profissional. Desenvolver a autoconfiança e não ter medo de arriscar é fundamental para que você transforme seu potencial intelectual em alta performance profissional. Força de vontade e perseverança até alcançar seus objetivos.
4. Não identificar o seu propósito
Encontre seu propósito, identifique sua vocação. Quanto antes descobrir o que você vai fazer, porque fazer e como fazer, seu engajamento para alcançar seus objetivos aumentará exponencialmente, assim como sua probabilidade de construir uma carreira de sucesso.
5. Focar apenas na remuneração
Não foque apenas na remuneração. É importante procurar uma profissão que também te preencha por dentro, indo de encontro com seus valores pessoais e culturais.
Por fim, ao pensar nos estudantes é necessário começar na raiz do problema, ainda dentro das escolas, incentivando a autonomia e o senso de dono dentro da sala de aula. Segundo Leonardo “podemos não apenas levar o debate sobre o mercado de trabalho para as escolas, como inserir as experiências vocacionais na rotina dos alunos para que eles se sintam também parte daquilo, responsáveis pelos próprios futuros e conheçam de perto a rotina de cada profissão, conectando os conteúdos teóricos trabalhados em sala com as profissões que lhes causam interesse. Além disso, acrescenta, é importante estimular dentro de casa também o poder de escolha dos jovens, para que eles se sintam seguros e capazes de tomar esse tipo de decisão de forma segura e assertiva. Essa mudança, com o passar do tempo, poderá ser refletida em uma sociedade de pessoas mais realizadas profissionalmente e seguras de si”, afirma.