IA deve eliminar cerca de 85 milhões de empregos até 2025

Definitivamente, a automação e a Inteligência Artificial (IA) estão mudando rapidamente o mercado de trabalho. De acordo com o relatório “Future of Jobs” do Fórum Econômico Mundial, lançado em outubro de 2020, este avanço tecnológico está transformando profissões e impactando milhões de empregos em todo o mundo, incluindo o Brasil.

Segundo dados do estudo, a automação e a IA devem eliminar cerca de 85 milhões de empregos globalmente até 2025, enquanto cria novas oportunidades de trabalho em áreas como tecnologia, saúde e meio ambiente.

Neste cenário de transformações promovidas pela ascensão da automação no mercado de trabalho brasileiro, é possível fazer uma reflexão a partir dos dados do estudo “The Future of Employment”, da Universidade de Oxford, que analisou mais de 700 profissões nos Estados Unidos e avaliou a probabilidade de automação em cada uma delas, e aplicar esses insights ao mercado brasileiro, utilizando informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), bem como de outras fontes relevantes.

Segundo essa análise, diversas profissões têm uma alta probabilidade de serem automatizadas nos próximos anos, incluindo desde cargos operacionais, até profissionais com alta formação acadêmica, e, aplicando dados do estudo da Universidade de Oxford a realidade brasileira, é viável mapear as profissões com maior probabilidade de impacto no país.

Entre elas, destacam-se, em ordem de probabilidade de automação, segundo o estudo, Recepcionista, Digitador, Operador de Caixa, Operador de Telemarketing, Assistente Administrativo, Trabalhador em Linha de Montagem, Auxiliar de Escritório, Atendente de Lanchonete, Contador, Motorista de Caminhão, Técnico em Informática, Secretária Executiva, Agente de Viagens, Auxiliar de Enfermagem, Advogado e, ainda, Médico.

É importante ressaltar, entretanto, que a adoção da automação não significa necessariamente o fim dessas profissões, mas sim uma mudança na maneira como são realizadas hoje, uma vez que alguns empregos podem se tornar mais especializados ou exigir novas habilidades, enquanto outros podem ser criados em áreas relacionadas à tecnologia e à inovação.

De toda forma, essa mudança pode afetar significativamente o mercado de trabalho brasileiro, especialmente em um contexto de alta taxa de desemprego. De acordo com dados do IBGE, a taxa de desocupação no Brasil atingiu 7,9% no trimestre encerrado em dezembro de 2022, uma boa redução com relação ao ano anterior, quando a taxa média foi de 13,2%. Contudo, o avanço acelerado da Inteligência Artificial no último ano pode influenciar na reversão desta tendência.

Dicas para os profissionais se adequarem ao futuro do mercado de trabalho

Para se preparar para esse futuro, é importante que, tanto os profissionais, quanto as empresas, adotem uma abordagem proativa e se adequem para absorver as mudanças que estão por vir.

Algumas recomendações para os profissionais incluem desenvolver novas capacidades, tendo em vista a importância de estarem sempre atualizados e dispostos a aprender novas habilidades, especialmente no âmbito tecnológico.

Outro ponto fundamental neste contexto é o investimento em educação. A formação acadêmica e profissional é crucial para se manter competitivo no mercado de trabalho. Neste sentido, investir em cursos de graduação e pós-graduação, bem como em programas de treinamento e desenvolvimento pode ser a chave para garantir essa vantagem competitiva.

Vale reforçar que a automação pode substituir muitas tarefas rotineiras e repetitivas, mas não habilidades como criatividade, empatia e capacidade de resolução de problemas. Desta forma, focar em aptidões humanas é essencial para estar sempre dentro daquilo que o mercado carece.

E, por fim, é necessário estar preparado para evoluir. A automação pode trazer incertezas e mudanças para o mercado de trabalho, mas também pode criar novas oportunidades. A partir disto, quem estiver aberto a essas transformações e buscar se adaptar rapidamente, certamente ganhará destaque.

O papel das empresas diante destas mudanças

As adequações não se limitam somente aos profissionais. As companhias também devem se adaptar a essa tendência e, para isso, o primeiro passo é investir em tecnologia. Não é novidade que as organizações, mais do que nunca, precisam inovar para se manterem competitivas e isto inclui a implementação de recursos de automação e Inteligência Artificial, bem como a capacitação de seus colaboradores para utilizá-las de forma assertiva.

Outra mudança está relacionada às funções dentro das organizações. As empresas podem aproveitar a automação, por exemplo, para redefinir funções e tornar o trabalho mais eficiente, a fim de eliminar atividades rotineiras e repetitivas e a criar novos cargos especializados. Além disso, é imperativo que as companhias estejam abertas a mudanças e busquem se adaptar rapidamente às novas tecnologias e tendências do mercado.

O fato é que a automação e a inteligência artificial são tendências irreversíveis que estão transformando, de forma célere, o mercado de trabalho em todo o mundo, incluindo o Brasil. Para se preparar para esse futuro, profissionais e empresas precisam adotar uma abordagem proativa para tornarem-se protagonistas nesta jornada evolutiva. No entanto, é importante que o processo de automação seja conduzido de maneira consciente, levando em consideração não apenas as questões econômicas, mas também sociais e trabalhistas.

É necessário que empresas e autoridades governamentais trabalhem conjuntamente para estabelecer um ambiente de trabalho justo e equilibrado, garantindo que essas novas ferramentas tecnológicas sejam utilizadas de maneira ética e responsável.

A automação é uma realidade que não pode ser ignorada, mas também não deve ser temida. É preciso estar preparado e disposto a evoluir, investindo em educação e em habilidades que não podem ser substituídas pela tecnologia. Com isso, podemos enfrentar os desafios do futuro de maneira construtiva, aproveitando as oportunidades que surgirão no caminho.

 

Artigo por Marcelo Murilo é co-fundador e VP de inovação do Grupo Benner.

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