A cidade do Rio de Janeiro receberá nesse dias a conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável. Pode-se dizer de antemão haver grandes dificuldades em se chegar a um comunicado conjunto dos governos que se farão presentes.
Os desdobramentos da crise global e a falta de políticas anticíclicas na eurozona respondem por grande parte dos impasses do presente. Segundo afirmou sabiamente Elinor Ostrom, não podemos confiar em políticas globais para resolver o problema da gestão dos nossos recursos comuns. Há, portanto, descrédito de que se consiga estabelecer metas coletivas a partir desse evento da ONU. Países resistem a se comprometer com metas num contexto de contração econômica e alto desemprego. O Brasil, país anfitrião, tampouco se mostra muito propositivo.
Não se deve esquecer que o incentivo às vendas de automóveis não contribui com a Política Nacional de Mobilidade Urbana sancionada em janeiro do ano corrente. Predica mas não pratica o governo federal? Há quem veja improviso nas ações de curto prazo da parte do governo federal, afinal, o crescimento da economia no primeiro trimestre foi decepcionante e próximo de zero. Tal fato já movimentou a revisão do crescimento do PIB para 2012, viés de baixa.
Segundo publicou o jornal Financial Times (12/06/2012), São Paulo e Rio de Janeiro se encontram entre as 13 cidades mais caras do mundo. Nova Iorque e Oslo, por exemplo, são proporcionalmente mais baratas do que as duas cidades brasileiras citadas na matéria.
Não é preciso muita especulação para se perceber como o transporte coletivo é importante nos espaços urbanos, seja para deslocar eficientemente as pessoas, reduzindo as emissões de CO2, como para viabilizar a qualidade de vida em bairros e distritos distantes dos centros de negócios.
Segundo o IBGE, mais de sete milhões de brasileiros leva mais de uma hora para chegar a trabalho; 52% dos trabalhadores levam até 30 minutos. No Sudeste, os trabalhadores demoram mais para chegar ao trabalho do que nas demais regiões; nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, a maioria gasta entre meia hora e uma hora para fazer o percurso.
O Brasil precisa evoluir muito nesse aspecto. Esse deveria ser um dos temas principais das eleições municipais de 2012? Afinal, o que pensam os postulantes a prefeitos e vereadores sobre a Política Nacional de Mobilidade Urbana ou sobre cidades sustentáveis? Há por certo passivos acumulados em temas recorrentes nas campanhas políticas brasileiras educação e saúde, por exemplo.
Rodrigo L. Medeiros (D.Sc.) é membro da World Economics Association (WEA).