Acostumamo-nos a escutar ultimamente que a escassez de mão de obra qualificada representa um entrave ao desenvolvimento brasileiro. Localizar o gargalo não é tarefa simples porque a questão é multidimensional. Existem fatores que transcendem os muros das escolas, mas que se manifestam intensamente nas suas salas de aula. A violência cotidiana, por exemplo, é uma dura realidade que dificulta o bom trabalho docente.
Segundo o Mapa da Violência 2012 sobre crianças e adolescentes, 79% da população brasileira têm medo de ser assassinada; 43,3% das crianças e dos adolescentes são assassinados, sendo que 27,2% morrem em acidentes de transporte. As causas externas respondem por 31,9 mortes por 100 mil, o que representa um crescimento de 14,3% em relação ao apurado em 1980 para a faixa entre um e dezenove anos. Chegar saudável e qualificado do ponto de vista instrucional à fase adulta é ainda uma aventura darwinista para uma parcela expressiva dos jovens em nosso país. Problemas dessa magnitude explodem dentro das salas de aula das nossas deficientes escolas públicas.
Aproximadamente 20% dos jovens entre 18 e 25 anos não estão estudando, tampouco trabalhando ou buscando emprego. Trata-se de um número que gira ao redor de 5,3 milhões de brasileiros, ou seja, maior do que a população inteira do Uruguai, equivalente a uma Dinamarca. Não se pode considerar um exagero, portanto, afirmar que o Brasil está matando o seu próprio futuro.
Existem responsabilidades constitucionais dispersas a serem compartilhadas pelas três instâncias dos poderes públicos da federação. Nesse sentido, o que está sendo debatido nessas eleições municipais de 2012 sobre essas complexas questões? Das propostas políticas apresentadas até o presente, quais são relevantes e modificam efetivamente o rumo desses trágicos acontecimentos citados a partir da gestão pública municipal inteligente?
Rodrigo L. Medeiros (D.Sc.) é membro da World Economics Association (WEA)
Excelente texto, parabéns!