Não tem sido tarefa simples modificar a lógica do crescimento econômico, deslocando a ênfase da demanda de consumo para o aumento da participação dos investimentos produtivos no PIB. Esse é de fato um debate complexo. Destaco neste artigo a Carta de número 572 do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, cujo título é O preço do investimento no Brasil (Iedi, 17/05/2013). Apontou-se uma relação negativa entre nível de preço da inversão e adição de valor na indústria de transformação. Não podemos impunemente considerar ininterrupto o ciclo favorável dos preços das commodities, que representam quase 70% das nossas exportações de bens.
Segundo o Iedi, o nosso preço do investimento em termos do PIB é mais elevado do que aqueles verificados no âmbito do G7 EUA, Japão, Alemanha, Canadá, Itália, Reino Unido e França. Em relação aos Brics Rússia, Índia, China e África do Sul -, fomos ultrapassados pela China em 2011. Não devemos olvidar haver no presente capacidade ociosa expressiva em diversos setores na Ásia e também em países economicamente relevantes. Conforme o gráfico abaixo, nossa desindustrialização ocorreu no contexto de subida do preço relativo do investimento. Tornamos-nos, portanto, um país caro para se produzir bens comercializáveis de intensidade tecnológica mais elevada.
Há diversas questões que poderiam integrar a análise desse problema. Uma política econômica permissiva à persistente sobrevalorização cambial da moeda nacional ajuda a explicar parte importante do imbróglio presente. Um sistema tributário complicado e oneroso do ponto de vista do tempo gasto para o pagamento de suas obrigações fiscais é outra parte do problema. Infraestrutura econômica ineficiente explicaria a parcela do famigerado custo Brasil.
Enfim, precisamos melhorar efetivamente a qualidade da regulação econômica no Brasil para permitir que os investimentos sigam para as áreas que ajudem o país a aumentar a eficiência sistêmica da sua economia. Quem sabe a antecipação do debate político de 2014 se processe nesse tom? Reconheço existirem dificuldades de elevado grau nessa discussão, pois sabemos ser o câmbio variável de ajuste na administração das dinâmicas expectativas inflacionárias do mercado financeiro. Dilemas e escolhas conflitantes precisarão ser enfrentados nos próximos tempos no campo da gestão pública.
Rodrigo Medeiros