Estivemos relendo nos últimos dias um artigo clássico de Michael Porter (1996), O que é estratégia?, e tentado refletir sobre o estado de paralisia nacional. Segundo o respectivo autor, estratégia implica na escolha de posições exclusivas e eficácia operacional, apesar de ser muito importante, é difusa nos mercados e pode gerar competição predatória. Não nos esqueçamos dos asiáticos!
Ainda que a perspectiva porteriana possa ser objeto de críticas qualificadas, ela nos faz pensar sobre a competitividade brasileira, seus dilemas e desafios. Vejamos uma questão que pode muito bem ser derivada do artigo citado. Por operarmos na média aquém das fronteiras de produtividade dos setores (eficácia operacional), será que criamos uma ilusão de que não precisamos fazer escolhas estratégicas?
O processo de substituição de importações foi importante, apesar de seus equívocos para setores mais intensivos em tecnologia, para transformar o Brasil em um país de renda média. Repetir essa experiência histórica dificilmente nos fará vencer o persistente estado de subdesenvolvimento – índice Gini acima de 0.5 e distâncias enormes entre as rendas médias dos mais ricos para os mais pobres. Muito provavelmente encarecemos ainda mais os já elevados custos de produção em nosso país. Com aproximadamente 55% do PIB concentrados na região Sudeste, o que equivale ao movimento de cargas de patamar equivalente, não é estranho que tenhamos uma matriz de transportes inadequada à extensão territorial brasileira. SP responde por 33% do PIB brasileiro. Tal quadro logístico adverso tem rebatimento inclusive na competitividade do nosso agronegócio e, é claro, possui forte influência na crise vigente da indústria de transformação.
Para um país que tem no seu comércio exterior de bens aproximadamente 70% das suas exportações compostas por commodities e 70% das importações por manufaturas, repetir aspectos políticos do processo de substituição de importações não se revela uma estratégia inteligente. Sabemos todos que os fatores críticos de sucesso no capitalismo são criados pelos seres humanos e, portanto, precisamos investir qualificadamente em capital humano para que inovações possam gerar ciclos de crescimento econômico com desenvolvimento social em sintonia com o que se passa no mundo.
Chamou nossa atenção uma matéria publicada no Jornal da Ciência, edição de três de junho de 2013. Segundo consta na matéria, o retrato de décadas de descaso, em que a construção de boas escolas não passou de mera promessa em sucessivas campanhas eleitorais, está num levantamento divulgado pelo movimento Todos pela Educação, segundo o qual 44,5% dessas unidades dispõem somente do mínimo para seu funcionamento, isto é, água, banheiro, energia, esgoto e cozinha. Não têm biblioteca, quadra de esportes e laboratório, itens considerados necessários para que o aprendizado se desenvolva de modo satisfatório. Apenas 0,6% dos estabelecimentos pesquisados têm estrutura completa. É um quadro desalentador. Mostrou-se que a precariedade das escolas, tanto públicas quanto privadas, é um problema generalizado entre nós. Conhecemos o processo de recuperação das diversas estruturas institucionais no Espírito Santo e não podemos dar margem ao retrocesso.
Voltando ao artigo de Porter (1996) para finalizar, destacamos que a essência da estratégia é escolher o que não fazer. Nesse sentido, o passado deve nos servir de lição para que possamos seguir em frente sem reproduzir erros políticos no campo da gestão pública que trabalha invariavelmente com recursos escassos.
Rodrigo Medeiros (D.Sc.) é professor do Ifes
O brasileiro é indolente, acomodado, costuma dizer “…Deus proverá…”.
Precisamos lutar para provero o país do que ele precisa e não esperar que as benesses venham parar em nossas mãos. Poupar e investir aqui no país ao invés de engordar contas em paraisos fiscais.
Precisamos apreender a votar, escolher nossos governantes pelo seu idealismo e honestidade e não escolher ladrões ou palhaços como os “tiriricas da vida”. Talves com essas mudanças consigamos ter uma visão estratégica, e caminharmos com passos seguros rumo ao progresso que nossa nação almeja. ‘ACORDA BRASIL’