A Jornada Mundial da Juventude contou com um algo a mais em 2013. Não estou me referindo apenas ao fato de que tivemos impressionantes manifestações sociais em junho no Brasil e que havia, portanto, um clima diferente no ar. O papa Francisco pediu aos jovens: sejam revolucionários. Seu exemplo pessoal de proximidade com a população já marcou uma postura simbólica radicalmente diferente do que foi inclusive objeto dos protestos de junho, ou seja, o distanciamento do sistema político de representação dos problemas cotidianos enfrentados pela cidadania.
Francisco não veio ao Brasil fazer criticas políticas pequenas, mas sim propor uma renovação de comportamentos e posturas humanas a partir do cristianismo. O líder maior da Igreja Católica usou a força moral do exemplo, emocionando pessoas de diversas idades e crenças com sua simplicidade. O papa nos falou de como o bem-estar coletivo precisa estar acima dos egoísmos pessoais. A feroz idolatria do dinheiro, por exemplo, marcou uma de suas preciosas falas. O economicismo criticado por Sua Santidade precisa ser superado pela renovação ética e moral dos indivíduos, afinal, não podemos admitir que pessoas sejam descartáveis por serem muito jovens ou muito velhas para gerar valor nos mercados. Esse modelo de humanismo desumano não é sustentável do ponto de vista do convívio social pacífico.
O papa Francisco também pregou um maior protagonismo dos jovens nas mudanças necessárias para uma ordem de maior justiça social e fraternidade. O papel da educação foi ressaltado, independente de opções religiosas e sociais das pessoas. Talvez seja ainda muito cedo para se dizer algo mais contundente sobre esta Jornada Mundial da Juventude, porém ouso afirmar que o papa Francisco já representa simbolicamente um novo modelo de liderança esclarecida e efetivamente comprometida com um futuro melhor para todos os seres humanos do planeta.
Vivemos em uma sociedade de indivíduos e, nesse sentido, precisamos compreender a importância da pluralidade para o convívio social. Segundo afirmou Cornelius Castoriadis (1922-1997), o que está errado com a sociedade em que vivemos é que ela deixou de se questionar. Não sei se estamos passando de fato por um grande momento de transição, mas os sinais de insatisfação e inquietação social podem ser notados em diversas regiões do planeta. A visita de Francisco nos faz pensar que existem opções, alternativas e caminhos a serem explorados pela humanidade.
Rodrigo é professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes)