Em artigo publicado no blog da jornalista Miriam Leitão, em 12/10/2013, chamou nossa atenção o seu curioso título, A logística piorou. Citando o levantamento do Instituto Ilos de Logística e Supply Chain, a jornalista apontou em relação aos custos logísticos: Desde 2004, o primeiro ano da série, até 2010, houve quedas desse gasto como proporção do PIB: de 12,1% para 11,5%, entre 2004 e 2006; para 10,9% até 2008; 10,6%, em 2010. Mas agora, em 2012, houve a primeira alta, para 11,5%.
No que diz respeito aos transportes, o modal rodoviário continua predominando. Seu uso encontra-se em 67% na matriz brasileira de transportes, sendo que mais de dois terços das cargas transportadas passaram pelas estradas em 2012. As ferrovias, por sua vez, possuem participação de 18%. Como o Sudeste responda por 55% do PIB, sendo que São Paulo concentra aproximadamente 33% do produto brasileiro, não nos causa espanto que haja uma persistente concentração regional de investimentos produtivos e circulação de cargas. SP é o polo concentrador na região.
Essa preferência pelas rodovias apresentou consequências históricas no campo das desigualdades sociais e regionais no País, incluindo as conhecidas dificuldades na gestão pública das regiões metropolitanas das capitais. Infelizmente esse não é o único problema atual. Segundo apurou Miriam Leitão, a balança comercial passou todo o ano em déficit pelo forte aumento da importação de diesel e gasolina. Afinal, como 56% do diesel consumido no Brasil são para transporte de cargas e como a Petrobras vendeu combustível no mercado doméstico a um preço mais baixo do que paga na importação, essa conta terá que fechar de algum jeito em algum momento.
Há no mercado uma visão de que a inflação brasileira encontra-se represada pelo controle dos preços administrados. Os preços livres cresceram ultimamente acima dos preços administrados e o índice de difusão da inflação mostra-se elevado. A recente escalada da taxa básica de juros, ainda que não atue diretamente sobre a demanda de consumo, possui a capacidade de apreciar cambialmente a moeda brasileira, aliviando pressões inflacionárias. Existe um custo embutido nessa apreciação cambial do real. Importar produtos manufaturados acaba se tornando efetivamente mais barato do que fabricá-los domesticamente e, na medida em que deslocamos mão de obra para serviços de baixa produtividade, o crescimento potencial do Brasil acaba sendo reduzido.
A partir do ranking de competitividade elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, em inglês), podemos perceber que as reais qualidades das nossas instituições e infraestruturas precisam melhorar. Das 148 economias analisadas pelo Global Competitiveness Report 2013-2014, ficamos entre os dez melhores posicionados apenas no quesito tamanho do mercado, ou seja, há um claro descompasso entre o tamanho da economia brasileira e as realidades de suas institucionais e infraestruturas físicas. Precisamos retomar o caminho político das reformas institucionais progressistas para que o Brasil possa se encontrar no futuro com o seu destino de grandeza e desenvolvimento.
Paulo Hartung é economista e ex-governador do Espírito Santo
Rodrigo Medeiros é professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes)
“Há no mercado uma visão de que a inflação brasileira encontra-se represada pelo controle dos preços administrados. Os preços livres cresceram ultimamente acima dos preços administrados e o índice de difusão da inflação mostra-se elevado.”
Por isso mesmo que no caso da redução das tarifas de transporte coletivo por conta das manifestações devemos ver a questão com muita, muita cautela.
O Conselho amoroso