Passar pela prisão se torna um estigma na vida de todo ex-detento. A sociedade, com suas razões, não está preparada para recebê-lo e tem receio de se envolver com pessoas que já cometeram delitos, mesmo que estas já tenham cumprido sua pena e respondido por seus atos. Poucos, ainda, oferecem uma oportunidade. Desta forma, o trabalho de ressocialização dos encarcerados é uma alternativa eficiente e deve ocorrer enquanto eles estão reclusos, sob vigilância do Estado. Isso é uma forma de evitar seu agravamento e a reincidência criminal.
A ressocialização vem no intuito de trazer a dignidade, resgatar a autoestima do detento e trazer condições para um amadurecimento pessoal. Para apoiar o Programa de Responsabilidade Social e Ressocialização, realizado pela Secretaria de Estado da Justiça, o Espírito Santo em Ação mobiliza o setor empresarial e as instituições de ensino a fim de criar oportunidades de trabalho para detentos e ex-detentos. Desta forma, ajudamos a reintegração social e contribuímos para a redução da reincidência criminal.
Desenvolvido em todas as unidades prisionais do Espírito Santo, um dos pilares do programa é a capacitação profissional dos internos. Os presos que atuam nas frentes de trabalho recebem, além do benefício de remição de pena (três dias de trabalho, significam um dia a menos de cumprimento de pena), ao menos um salário mínimo por mês. Conforme determinado pelo Programa de Pagamento ao Trabalhador Preso, uma parte do salário vai diretamente para uma poupança em nome do interno, outra parte vai para família e a terceira, para o preso. O dinheiro da poupança só pode ser retirado quando a pessoa é beneficiada com a liberdade.
O ponto positivo para o empresário que participa do programa de ressocialização, oferecendo oportunidades de emprego para detentos, é que com o uso da mão-de-obra prisional, ele tem economicidade, não tem encargos e contribui para o trabalho social que é realizado.
O setor empresarial pode e deve, em suas atividades e desempenho econômico, mobilizar a construção de uma cidadania mais participativa. A ressocialização de pessoas com privação de liberdade é um trabalho que exige o engajamento de todos neste processo de inclusão social. Só assim, conseguiremos fazer com que a cultura do desenvolvimento sustentável prime pelo crescimento do cidadão como ente e agente social qualificado, com resgate da sua cidadania.
Luiz Wagner Chieppe, presidente do Espírito Santo em Ação.