Os tempos de crise pautam um olhar atento sobre um personagem bem específico em nossas organizações e comunidades em geral: o líder. Das lideranças se esperam orientações, respostas e estratégias de sobrevivência e superação. Mas o que é mesmo um líder? Compartilho aqui algumas reflexões oriundas de minhas leituras e caminhadas profissionais.
Para o consultor em Gestão Oscar Motomura, “liderança é decisão, um ato de vontade”. E vai além: somos todos potencialmente líderes, e o mais importante é tomar a decisão de usar esse potencial e também decidir a qual propósito vamos nos dedicar.
Assim, Motomura convoca todos a se tornarem líderes, decidindo e agindo em favor da solução dos problemas crônicos da nação. Proposição extremamente oportuna, porque estamos vivendo um momento crítico, que atravessa todo o espectro de nossas vidas, com uma grande crise econômica combinada a um brutal desajuste político. Enfim, se temos o potencial da liderança, inclusive de nossas próprias vidas, por que não agir?
A partir dessa visão mais ampliada de liderança, saliento que o treinamento da vida me ensinou que a liderança é, entre outros, a arte de mobilizar e motivar boas companhias para enfrentar tarefas desafiantes. Aprendi desde cedo a não acreditar em voluntarismo. Não se enfrenta sozinho um grande desafio.
Assim, a arte de liderar é também a estratégia de cercar-se de colaboradores que saibam mais da sua área de especialização do que o líder, que deve possuir outros atributos, como ter a noção de conjunto, capacidade de identificar, motivar e potencializar talentos.
É um mau caminho se achar supercapaz, o único habilitado a resolver tudo. A ideia de liderança se fundamenta exatamente na conjugação de forças e competências, sob a condução de quem tem visão ampliada do cenário e clareza de objetivos a serem alcançados.
Ou seja, a minha trajetória me ensinou que é preciso, com profissionalismo, visão estratégica e gestão intensiva, construir times de excelência, conjugando talentos e aptidões. Liderar é conhecer os colaboradores e, a partir da compreensão de que todos nós temos habilidades e limitações, fazer um mapeamento de vocações com cada um ocupando o lugar e que mais pode contribuir.
Um verdadeiro líder não renega suas potencialidades para decidir e agir orientado por um propósito cristalino, sabendo nesse processo, mobilizar parcerias fundadas no profissionalismo e trabalhando para que cada um ocupe o lugar certo para fazer a coisa certa, num jogo de soma e articulação em que ganha todo o conjunto.
Paulo Hartung
Governador do Estado
*Artigo originalmente publicado na Revista do Prêmio Líder Empresarial