Existem alternativas para o momento econômico e político brasileiro. As ilusões do modelo adotado pós-2008 caíram por terra. Embora, inexoravelmente, haja retrocesso e um empobrecimento da população, ao mesmo tempo, a realidade retorna ao cerne das questões e voltaremos a dialogar sobre como faremos a retomada de rumo.
Mas antes temos que entender a natureza da crise e como ela mexe os mercados. As disfunções estruturais do Estado brasileiro, refletidas no chamado “custo Brasil”, agravaram-se a ponto de comprometer não apenas a competitividade e o crescimento da economia em padrões internacionais como também a próxima estabilidade macroeconômica.
Temos nas mãos uma oportunidade. Porque em um cenário de desvalorização do Real, exportar pode se tornar uma atividade bastante rentável. Eventualmente, a nossa economia estadual, que antes não tinha como exportar certos produtos, agora passa a vislumbrar uma saída.
Na esfera estadual, o prisma que o governo está adotando produz muitas janelas de oportunidade, como, por exemplo, a agenda ambiental. Gerenciar recursos hídricos, incentivar geração de energia com fontes alternativas e gestão de resíduos sólidos de forma mais eficiente. Ativos ambientais devem ser preservados ao mesmo tempo em que são usados para gerar crescimento econômico e desenvolvimento humano. Da mesma forma, a economia criativa e a exportação para os Estados Unidos são outras oportunidades emergentes.
No Bandes, o foco é a construção de um novo modelo. Estamos abrindo canais de diálogo com os empreendedores capixabas as entidades empresariais, os prefeitos e também as empresas de fora do Estado que queiram atuar em terras capixabas para nos tornarmos um banco de soluções para o desenvolvimento. Os nossos objetivos principais são a busca pela eficiência a produtividade; a eliminação de desperdícios; a ruptura de obstáculos burocráticos, e a perseguição exaustiva pela inovação, especialmente com as parcerias público-privadas e nas modelagens criativas capazes de viabilizar operações e projetos.
O Brasil e o Espírito Santo estruturalmente vão atravessar este momento de crise e sairão fortalecidos. A nós cabe acelerar e estreitar o trabalho em rede das instituições, em especial as envolvidas no ativismo pelo desenvolvimento. Mostraremos nossa capacidade de agir diferente, de mudar de estratégia, de aproveitar a agenda colocada pela crise para fazer o novo e fazer girar as economias do Estado e do País.
Luiz Paulo Vellozo Lucas
Direitor-presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes)
*Artigo originalmente publicado na Revista do Prêmio Líder Empresarial