Há várias definições de líder. A que eu gosto mais porque, na minha opinião, traduz melhor a essência e o papel, é que líder é aquele que tem seguidores.
Sim, já que ninguém é líder de si mesmo, mas é eleito por quem segue suas ideias, suas propostas, e que define para muitos um “norte” de como agir, pensar viver…
Seu poder, portanto, é conferido pelo “outro” e é proporcional ao número de seguidores que “arrebanha” no exercício de um papel que escolhe desempenhar.
Por isso temos líderes de várias naturezas: políticos, religiosos, empresariais, artísticos… Não é incomum, pois, que sejamos seguidores de vários líderes, porque dificilmente uma só pessoa representa todo o nosso ideário como ser humano ou profissional.
Podemos desde já nos arriscar a uma primeira conclusão: temos pretensos líderes demais e ao mesmo tempo tempos uma carência de verdadeiros líderes!
“A verdadeira liderança é aquela que não se beneficia de forma individual por interesse próprios, mas, ao contrário disso, faz uma renúncia em benefício do coletivo”
Fiel à definição original de que líderes são os que têm seguidores, há hoje muitos estímulos da tecnologia, do fácil acesso à informação, da farta exposição nas mídias convencionais e nas redes sociais para que sejamos liderados por “formadores de opinião” aos quais nos subordinamos, não raramente, de forma exacerbada e indiscriminada.
Mas devemos nos perguntar qual é a qualidade dessas lideranças “empoderadas” por instrumentos que refletem pouco conteúdo, mas que são estimuladas e massificadas por um sistema submetido ao “império da imagem”.
E da resposta dependemos para classificarmos o que seria um verdadeiro líder que, além de ter muitos seguidores, exerce sua liderança de forma consistente, persistente, construtiva e que influencia indivíduos, comunidades, povos para terem nas suas palavras e atitudes uma verdadeira referência para reproduzirem um padrão de comportamento que ofereça como resultado concreto um conjunto de ações positivas que mudam o mundo, em sentido figurado ou literal, para melhor.
Portanto, a verdadeira liderança é aquela que não se beneficia de forma individual por interesse próprios, mas, ao contrário disso, faz uma renúncia em benefício do coletivo.
Verdadeira que é, toma sua real dimensão nos atos que pratica no presente mas, muito mais do que isso, é mesmo ampliadas pelas lentes da História!
Para ilustrar de forma concreta aquilo a que nos referimos, lembramos a seguir alguns dos líderes que contribuíram com a humanidade e que, com sua existência, deixaram legados que são verdadeiros exemplos de liderança.
– Jesus Cristo: o maior de todos os líderes, pelo número de fiéis seguidores (que não param de crescer) e pelos ensinamentos que, como prática, fazem a diferença maior para os seres humanos de qualquer crença religiosa.
– Júlio César: foi um dos homens mais influentes antes de Jesus Cristo e o responsável não só por transformar a República Romana em império, como também fazer com que Roma fosse o império mais importante e poderoso da Antiguidade.
– Mahatma Gandhi: influenciou mais de 350 milhões de pessoas por uma revolução pacífica. Durante 20 anos, lutou em uma “não guerra”, sendo a voz do povo e mobilizando diversos líderes de outros países. Conseguiu que a Índia se tornasse um país independente. Seus ideais de paz e de uma vida natural são exemplos até hoje.
– Franklin Roosevelt: foi um dos presidentes americanos mais importantes da História. Liderou durante dois mandatos e foi o responsável por trazer esperança para seu povo durante a Grande Depressão e a 1ª Guerra Mundial. Ele administrou situações caóticas e proporcionou prosperidade para a América do Norte.
– Martin Luther King: motivou milhares com seus protestos e discursos na luta pelo fim da desigualdade racial. Tornou inesquecível a frase “Eu tenho um sonho!”.
– Abraham Lincoln: considerado o maior presidente americano, já que foi responsável por administrar os EUA durante a Guerra Civil e modernizar a economia do país.
– Getúlio Vargas: liderou o Brasil por mais de 15 anos, sendo considerado o “pai dos pobres”, responsável pelas leis trabalhistas e por defender os direitos dos desassistidos. Ao suicidar-se, “saiu da vida para entrar para a História”.
– Nelson Mandela: dedicou toda a sua vida, dos quais 27 anos na prisão, aos direitos humanos.
Não poderia concluir minha abordagem sem afirmar que, da mesma maneira que as verdadeiras lideranças (como as anteriormente citadas) têm o poder positivo de operar mudanças de grande magnitude para o bem, as “pseudo lideranças” (algumas ancoradas pelo “sagrado” apoio popular e utilizadas com propósitos “equivocados” e egoísticos) têm efeito exatamente contrário e destrutivo, fazendo a diferença para pior!
Infelizmente, para exemplificarmos esta última classe de lideranças, não precisamos ir muito atrás no tempo nem sair do Brasil. Bastaria que nos lembrássemos dos políticos brasileiros que ocuparam, sobretudo na última década, a presidência da nação ou do Congresso Nacional, além de outros cargos de grande poder e repercussão.
Mas não vou encerrar este artigo de forma amarga, nem com maus exemplos.
Ficarei com a lembrança do Papa Francisco, uma liderança nova que, há apenas três anos, como chefe do Vaticano, resgatou milhares de fiéis no mundo inteiro e resumiu com uma frase tudo o que um líder precisa acreditar para fazer a diferença de verdade: “Quem não vive para servir não serve para viver”. (Crédito: 20ª edição do Anuário IEL 200 Maiores Empresas no Espírito Santo)
Americo Buaiz Filho
Diretor-presidente do Grupo Buaiz