O Brasil acaba de ser eliminado da Copa do Mundo que se realiza na Rússia, pela eficiente, organizada, forte e lutadora seleção da Bélgica, país que é um dos membros fundadores da União Europeia (UE), e hospeda sua sede, além de outras grandes organizações internacionais, como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A Bélgica tem uma área de 30.528 quilômetros quadrados, uma vigésima sétima parte do Brasil e uma população de apenas de 10,7 milhões de habitantes (menos que o município de São Paulo) enquanto o Brasil já ultrapassa a casa dos 230 milhões.
O time que entrou em campo como favorito, considerado mais time, falhou “e falhou feio”. O Brasil, segundo comentários que ouço na CBN, perdeu quase três dezenas de chances não colimadas ou seja “de encher a rede com a bola”.
Levou dois “gols de placa” e fez suando muito, um só. Não se contentou com o penta e queria a todo custo o hexa, para mostrar ao mundo que é bom de futebol e que “a taça do mundo é nossa, com o brasileiro não há quem possa”. Não é verdade, pode sim. Desta vez foi até pouco, ninguém nunca se esquecerá daqueles 7 X 1 presenteados (presente de grego, é claro) pela Alemanha.
O futebol se constitui no esporte de maior atração entre os que existem; arrebata massas, leva milhares aos estádios enquanto outros muito mais se concentram em espaços públicos para ver a bola rolar. Faz sorrir e faz chorar, envolve rios de dinheiro, seus dirigentes recebem o nobiliárquico título de “cartolas”, alguns dos quais, hoje, não passam de presos mesmo, tem acontecido com muitos do “colarinho branco”.
Em quantas praças, cordas improvisadas serviram para exibição de camisas que muitos, passando, não resistiam e compravam. Outros dirigiam-se ao local de propósito para comprar a amarelinha. Lojas venderam e como venderam, desde as mesmas camisas, cornetas, chapéus e outros símbolos. Havia estoque para satisfazer torcedores até o final da copa, mas o trem encalhou. Nem podem fazer liquidação porque os compradores não estão interessados. Liquidação também não deve ser o caso pelo mesmo motivo. Mas é provável que o quanto faturaram permita dar um destino qualquer ao restante do estoque.
Tempo de copa é tempo de delírio, de emoção, de viver como se não existissem problemas, que importa o dólar em alta, bom mesmo é estar na Rússia.
Mas “e agora, José, a festa acabou”… e melhor que recitar, é cantar. Vejam como se encaixam muito bem estes versos de Roberto Carlos: “O show já terminou, / vamos voltar a realidade / não precisamos mais / usar aquela maquiagem / que escondeu de nós /” verdades que fazem parte do nosso dia a dia, que dizem respeito à nossa sobrevivência, ao nosso presente e ao futuro das novas e das futuras gerações, porque somos o país do futebol e do carnaval, tudo bem é alegria, mas não somos o país das instituições decentes, onde os poderes constituídos são formados por pessoas capazes de tudo proporcionar porque é regra e: “ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil”; do país cujo potencial de riquezas permitiria uma “Pátria mãe gentil”, cuidando de todos, prevenindo todos os cuidados dos quais carecem, não permitindo que falte pão em nenhuma mesa como fruto do trabalho compensado por um salário digno e suficiente como se constitui direito de todos.
“Vamos voltar à realidade”, estamos num ano eleitoral e não falta a nenhum brasileiro a convicção de que é preciso mudar toda a classe política, de agir como cidadão porque a Nação se constitui do povo do qual emana todo poder que em seu nome é que é exercido. A força é do povo, ele é quem manda, embora verdade também seja que muitos preferem ignorar, fingir que esqueceram e preferem migalhas à posse do que lhe pertence em virtude de sua dignidade.
Não precisamos de maquiagem, “pintar a cara”, todos ao nos entreolharmos devemos reconhecer quem somos e do que somos capazes, aliás é preciso ser tão honesto que nunca nos tenhamos de esconder de nada, ou acelerar o passo para não ouvir o que dizem, quanto mais renunciar à verdade.
“Nação é uma comunidade humana com certas características culturais compartilhadas em um mesmo território ou estado. É uma concepção política entendida como o sujeito que constitui a soberania de um estado”.
Esta nação somos nós!
Marlusse Pestana Daher,
Escritora, acadêmica, promotora de justiça aposentada