Por Flávio Cavalcante
Nessa quarta-feira fui surpreendido com a revogação da proibição de torcedores provocarem seus adversários… repito: revogação da proibição, Meu Deus! Parem o Mundo, eu quero ”altas”. Mas isso me fez ver o Futuro
No Futuro: bem próximo vamos proibir o Drible e punir com cartão amarelo (vide fato ocorrido esse ano no campeonato francês, quando Neymar recebeu um cartão amarelo por tentar uma solução diferenciada em um lance).
No Futuro: vamos proibir o carrinho por ser uma demonstração de violência e pode traumatizar, emocionalmente, o jogador que é um Ser Humano Sensível. Bem como uma apologia a queima de combustível fóssil. Não será bem visto xingar o árbitro, afinal ele também é um Ser Humano e falível. Devemos demonstrar nosso perdão. Pressionar Técnico ou Jogadores será proibido para não se tornar assédio moral, afinal ninguém é obrigado a acertar ou produzir algo, tudo em nome da arte.
No Futuro: vamos jogar em ambientes sem chuva, sem calor, sem frio, controlados por ar condicionado (Copa de 2024) e na grama artificial, sob o pretexto de isolar variáveis e “favorecer o espetáculo”. Veremos os jogos sentados em confortáveis cadeiras, comendo deliciosos lanches sistematicamente equilibrados para prolongar nossa vida e tomando cerveja sem álcool. Entoaremos cânticos de tolerância e de amor. Desafiaremos a torcia adversária a dar flores e bichinhos de pelúcia.
No Futuro: todos os competidores entrarão de mãos dadas, cantarão o hino do time adversário (pois são todos iguais), aplaudirão e serão aplaudidos pela torcida rival antes-durante-depois dos jogos. Melhor escrevendo, torcida ”do próximo,” pois não há adversários ou rivalidade onde o foco não é competir, mas sim entreter. No cenário mais perfeito teremos sempre torcida única ou estádio vazio, afinal não devemos tirar as pessoas do âmbito de suas famílias.
No Futuro: cada competidor pedirá desculpas por roubar a bola (afinal roubar é feio), atacar seus objetivos será passível de punição, afinal eles são modelos para sociedade e isso gera competição que é o caminho para a infelicidade. Ao invés de pontos e gols, os vencedores serão aqueles mais que influenciarem positivamente o comportamento, ou seja, Lacração definirá tudo. Qualquer crítica será vista como preconceito contra a minoria oprimida do jogador de futebol, que veio de origem humilde e, mesmo com 40 anos, é só uma criança.
No Futuro: os atletas serão punidos por falar palavras de baixo calão e uma reclamação será feita assim: “nobilíssimo colega, doravante seria de bom tom que o objeto esférico (por que bola é gordofobia) fosse me enviado de maneira mais isofórmica para facilitar meu labor e melhorar o espetáculo”.
No Futuro: o atacante perderá o gol ou o ponto e será aplaudido por todos em campo, afinal fazer um gol seria imprimir sofrimento a uma outra torcida. Torcida essa que deverá ir de smoking, aplaudir como na ópera, cantar canções motivacionais para os 2 times para não deixar ninguém excluído.
No Futuro: antes de cada jogo iniciar saberemos que o resultado será um empate com muitos gols… para favorecer o show.
No Futuro: não teremos mais Mata-Mata e sim Playoffs (mesmo o termo sendo de origem capitalista); não teremos mais goleiro frangueiro (para não oprimir os galináceos); não teremos mais matar a bola afinal é bolinicídio; perna-de-pau é um preconceito contra o PCD além de não ser ambientalmente responsável; dar um peixinho só com autorização do Ibama; dar uma chilena será apropriação cultural; dar uma caneta será uma crítica ao problema educacional brasileiro; drible da vaca (melhor nem falar)… mas bicicleta AINDA pode, mas só na ciclovia.
No Presente: o MIMIMI matou o esporte… Ops, matou não pode, pois semeia a violência!