por José Antonio Bof Buffon
Desde que o capitalismo se consolidou como modo de produzir, em medos do Século XVIII, ao final da I Revolução Industrial, a inovação, o progresso técnico e, em grande medida, a própria ciência se tornaram elementos endógenos à Economia e não mais motivados, acionados, por fatores externos, tais como guerras e epidemias.
O avanço do progresso técnico, no entanto, não se faz de forma continua e linear. Ao contrário, as inovações tecnológicas substanciais acontecem concentradas em certas épocas, em surtos, configurando períodos de intensa transformação no tecido econômico – o que chamados de Revoluções Industriais.
Atualmente vivemos o momento crucial de difusão das tecnologias ensejadas pela III Revolução Industrial, fundamentadas na microeletrônica e nas decorrentes tecnologias da informação e comunicação, que vão ensejando um momento no qual as coisas tendem a acontecer instantaneamente e de forma automática.
Estamos vivendo a dramática compressão da relação espaço/tempo e passando do processamento automático de informação para o patamar da geração automática de conhecimento. A geração e o processamento automático da informação e do conhecimento passaram a influir e direcionar decisivamente o destino das pessoas e das empresas, assim como o próprio ritmo e a direção do progresso técnico, em todas as áreas da economia. Seus impactos na ciência dos materiais e na biotecnologia são até assustadores.
A Pandemia ensejada pelo COVID-19 não é, em si, transformadora, mas está atuando como um catalizador destes processos e tendências em curso, notadamente nos quesitos relacionados à interação e comunicação à distância.
A Internet das Coisas, a Inteligência Artificial, a Ciência dos Materiais e a Biotecnologia vão desenhar o mundo e influir na vida de cada um nos próximos anos. Cidades, regiões e países serão transformados e o conceitos de Intimidade e Vida Quotidiana serão profundamente alterados. Estamos atravessando um portal e adentrando a um mundo do qual não há retorno, ao mesmo tempo em que temos pouco conhecimento do que é e do que será este mundo.
Instituições voltadas para Ciência e Tecnologia precisam ser potencializadas e a relação entre universidades, empresas e governo precisam ser redesenhadas. Novas instituições, novos instrumentos de fomento e novas formas de cooperação precisarão surgir e o que já existe de inovador neste campo precisa ser fortalecido.
O País que perder o timing deste processo e não acompanhar o seu ritmo, não importa o seu tamanho, estará, por certo, condenado ao rebaixamento no concerto das nações.
Práticas de cooperação e inovação observadas nos Estados Unidos, Alemanha, Portugal, Israel e Coréia nos fornecem os elementos. Mas cabe somente a nós, do Brasil, escolhermos a combinação entre eles, o que definirá o nosso caminho.
Por em dúvida a ciência, o conhecimento e a tecnologia num momento como esses, em que o mundo acelera sua taxa de mudança, representa o próprio exercício da estupidez.
No momento, o Brasil caminha em sentido contrário e na contramão.
No Brasil, Santa Catarina é sempre um exemplo virtuoso a ser observado e entendido. E o Espírito Santo deu seus primeiros passos…
José Antonio Bof Buffon é Economista. Comentarista de Economia da PanNews Vitória. Diretor Executivo da UVV Business School. Professor de Economia da UFES.