Por Andreza Sampaio de Mello
O ambiente organizacional ao longo dos anos vem passando por várias mudanças, como por exemplo, desenvolvimento de tecnologias, mudança dos mercados, das relações de trabalho, dentre outras. Além dessas mudanças, atualmente estamos vivendo uma crise complexa, que tem gerado impactos econômicos, sociais, emocionais, na saúde, na gestão das empresas, nas relações de trabalho, nos hábitos de consumo, no modo de sobrevivência. Tudo isso, sem data para acabar.
Em todos esses momentos, o papel do líder é de fundamental importância nas organizações, uma liderança que não deve ser compreendida apenas como uma habilidade pessoal, mas como um processo de relacionamento interpessoal dentro de um contexto específico. Os líderes devem considerar o processo de liderança e não apenas os resultados desejados.
Se liderar já envolve diversos desafios, o agravante atual é que o modo de trabalho mudou. Essas mudanças chegaram rapidamente, com pouco tempo para as adaptações. A pandemia acelerou a realidade do teletrabalho, que já era anunciada e praticada por algumas empresas. É importante destacar que o teletrabalho na sua concepção tradicional é estruturado e organizado, e a empresa deve dar todo suporte para que os teletrabalhadores tenham condições de exercer suas atividades fora da empresa.
O que estamos hoje chamando de home office, são adaptações para dar continuidade às atividades do trabalho, muitas vezes de forma improvisada, sem uma estrutura adequada. De repente as equipes estão em casa, dentro de uma rotina completamente nova, em que empresa e casa agora é um lugar único, um lugar novo, construído recentemente e nunca vivido anteriormente.
As equipes sumiram dos olhares dos líderes, e a lógica da gestão comando-controle que já estava em declínio, hoje não faz mais sentido. As lideranças perderam o controle visual, e o grande desafio é influenciar no invisível. É esse lugar que a liderança deve acessar e conseguir engajar seus liderados. Não há muita experiência para essa prática, tudo é novo e é necessário criar novos hábitos e soluções.
Os líderes precisam lidar com outras formas de gestão, já que estamos em um contexto onde é necessária uma liderança humanizada, que incentive o trabalho colaborativo, pautado na empatia, na confiança, que acolha e compreenda que ninguém é perfeito e que todos estão fazendo o melhor que podem. Outro aspecto que deve ser revisto é a forma de comunicar-se com suas equipes. Há uma nova cultura de relacionamento e comunicação, em que é preciso que se estabeleçam conexões racionais e emocionais.
Na dinâmica organizacional os aspectos técnicos, práticos e cognitivos são importantes, porém, não se pode deixar de lado a humanidade, a emoção. Em tempo de crise o que vai fazer a diferença entre os diversos tipos de liderança é a capacidade de autoconhecimento que esse líder tem de si mesmo, pois quando um líder consegue lidar com suas complexidades, ele entende melhor a complexidade do outro, e assim, consegue exercer não apenas uma liderança efetiva, mas também afetiva.
Andreza Sampaio de Mello.
Doutora em Administração e Professora da Unidade de Gestão de Negócios da Faesa