Por Flávia Oleare
Criança traz muita alegria para a vida – e muito trabalho também! Rs
Nas crianças, o cérebro é um “software zerado” em que tudo precisa ser ensinado. E aí está a graça (e o cansaço!) de ter que se explicar absolutamente tudo.
E quando estão começando a aprender, nada sai muito certo e morremos de rir!
Andam cambaleando, trocam o “r” pelo “l” , não falam “lh” – ah, só lembro dos meus “afilados”!
Como são “sem noção” falam as maiores besteiras e por muitas vezes, deixam os pais em várias saias justas. Passaria aqui três dias só rindo com meus compadres de tudo o que “afilados” já aprontaram.
Mas, infelizmente, num mundo de tantas desigualdades, precisamos neste dia, não somente lembrar das crianças da nossa casa mas das crianças de todo o mundo. Ou pelo menos das do nosso país.
Muitas, que infelizmente não têm o privilégio de serem ensinadas porque não têm quem as ensine. Que vivem em condições desumanas e acabam se tornando invisíveis aos olhos da sociedade.
Passam por todos os tipos de restrição: alimentação, vestuário, moradia, segurança… crescem, por vezes, sem o mínimo que lhes garanta a sobrevivência… não estou falando nem em sobrevivência “digna”.
E no meio desta tragédia, ainda morrem de desnutrição, de diarreia ou sofrendo atrasos em seu desenvolvimento físico e intelectual e se tornam adultos “imprestáveis “ para a sociedade.
Não nos faltam leis para proteção às crianças. O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição Federal são excelentes. O problema não consiste em ter leis, mas sim, de pôr em prática o que já temos.
Eu, que como advogada familiarista estou sempre defendendo que em litígios de casais, as crianças precisam ter paz, preciso lembrar que obviamente, para elas terem paz, elas precisam inicialmente estar vivas, ou seja: sobreviver ao parto, às doenças infantis, à subnutrição, à violência infantil e a toda série de desrespeitos a seus direitos constitucionais.
Precisamos comemorar o dia das crianças, mas sem jamais esquecer das crianças que infelizmente nasceram privadas dos direitos humanos mais básicos, e aproveitar para refletir o que podemos fazer para contribuir para que este terrível quadro mude.
“Ah, Flávia, mas isso é dever do Estado!”
Sendo ou não – não vou aqui entrar nesta discussão – não importa de quem seja o dever, estou focando aqui nos DIREITOS das crianças.
Não vamos deixar de fazer a nossa parte porque o coleguinha (no caso, o Estado) não fez.
Todas as crianças merecem uma vida digna e como nós, enquanto cidadãos, podemos ajudar? Um mínimo ato, que por vezes, não custa NADA no aspecto financeiro, pode auxiliar muito.
São NOSSAS crianças. Nosso Futuro. Não pediram para nascer, muito menos, num Estado que não cumpre com seus deveres.
Certamente, os cinco milhões de crianças em situação de extrema pobreza no Brasil, ficarão muito gratas!
Flávia Oleare é advogada civilista, especialista em direito de família e sócia da Oleare e Torezani Advocacia e Consultoria.