Por Flávia Oleare
Minha madrinha conta que quando ouviu o meu avô falando isso, ainda menina, ficou horrorizada! Disse que só uma pessoa muito infeliz e amarga poderia pensar desta forma.
O tempo foi passando, a vida se apresentando em sua totalidade, com todas as suas boas e péssimas surpresas, e por fim, já adulta, compreendeu. E passou a contar isso e eu, tendo ouvido um pouquinho mais velha, entendi de pronto. E concordo em gênero, número e grau.
Parece triste, não? Imaginar que a melhor coisa da vida é a desilusão?
Óbvio que está se falando em sentido figurado, afinal, não há dúvidas que a melhor coisa da vida é um brigadeiro! Rsss…
Mas a desilusão é algo extraordinário!
Não é esplêndido quando as carapuças caem? Quando a verdade é revelada? Quando finalmente você enxerga o que há anos, você escondia de si mesmo?
Quantas pessoas passam anos e às vezes a vida inteira se iludindo com relacionamentos que ao fim, se apresentam um engodo?
Já vi isso em inúmeras situações, pessoais e profissionais, tanto envolvendo a mim (sniff!!!) quanto a terceiros.
Minha profissão propicia que eu acompanhe essas situações com muita frequência, principalmente em finais de casamento, em que após 10, 20 ou 30 anos de relação, descobre-se que se passou uma vida de ilusões.
Independente do tempo que se passe vivendo um engodo, tenha certeza… foi melhor descobrir!
Certamente suas defesas emocionais te fizeram não enxergar.
Talvez para evitar consequências inevitáveis que poderiam vir em um momento inadequado ou talvez para te poupar algum sofrimento.
Mas, creio piamente que é sempre melhor a verdade. Porque desta forma, você poderá se “armar” e provavelmente não será pego desprevenido mais uma vez.
O mundo das fantasias é maravilhoso, mas insustentável.
No mundo real, acredito em vovô Renato:
O melhor da vida é a desilusão! É quando a vida adulta começa de fato.
Flávia Oleare é advogada civilista, especialista em direito de família e sócia da Oleare e Torezani Advocacia e Consultoria.