*Por Mirela Chiapani Souto, presidente do Conselho de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Findes
Apesar de o termo ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) ter ganhado corpo no Brasil nos últimos tempos, o assunto já está fortemente em pauta desde a década de oitenta, evidenciado pelo conceito de desenvolvimento sustentável como sendo aquele que “satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades” (relatório de Brundtland – Our Common Future –
1987).
Outra relevância para o assunto foi tratada por John Elkington, considerado o pai da sustentabilidade, em 1994, quando apresentou ao mundo o tripé da sustentabilidade, o Triple Bottom Line, demonstrando a necessidade das boas práticas sociais, ambientais e econômicas no desenvolvimento dos negócios.
Mas o que há de novo nesse termo ESG? Seria a evolução da sustentabilidade ou seria a própria sustentabilidade? Sim, pode-se afirmar que seria a própria sustentabilidade empresarial, ou seja, ESG nada mais é do que a visão do mercado de capitais sobre a sustentabilidade. Termo esse que é apontado como uma das principais tendências para 2021. O fato é que a pandemia, provocada pelo novo coronavírus, intensificou a discussão e o despertar da sociedade para questões ligadas à sustentabilidade, forçando uma mobilização do mercado e das empresas na adoção de práticas até então não abraçadas.
Além disso, esse mercado ESG vem sendo impulsionado institucionalmente pelos acordos internacionais, marcos regulatórios, movimentos da sociedade civil organizada, mídia, comunicação, tecnologia, investidores, credores e etc., bem como pelos impulsos individuais da sociedade estimulados pelos consumidores, militantes, líderes empresariais, acionistas, investidores, formadores de opinião, dentre outros. Todos esses atores e, sobretudo, a atuação dos investidores, serão os responsáveis pela perspectiva desse novo mercado cheio de oportunidades.
Em 2020, segundo o banco Santander, 95% dos índices de sustentabilidade performaram melhor que os índices da bolsa que não adotaram esses critérios. Isso significa dizer que as empresas que estão olhando para o ESG são, de alguma forma, mais resilientes que seus pares. O que demonstra a importância do mercado financeiro nesse debate, tornando-se um dos alicerces para estimular o crescimento econômico mais sustentável e para colocar à prova as empresas brasileiras no mercado de capital aberto, uma vez que por aqui esse mercado ainda necessita de muito estímulo.
Se o ESG veio mesmo para ficar, que seja em efeito cascata e atinja não somente empresas que estejam necessariamente na bolsa, que chegue como um tsunami e impacte, inclusive, os pequenos empreendedores, e que esses possam transformar suas empresas e seus consumidores de forma a comprometê-los a deixar um mundo melhor e mais equilibrado.