Por Kelly Lopes
Segundo dados apresentados em 2019, no Autism-Europe International Congress, realizado na cidade de Nice (França), o Transtorno do Espectro Autista com Deficiência Intelectual (TEA com DI) tem afetado um número crescente de crianças ao redor do mundo. Mas, felizmente, também se registra que é cada vez maior o acesso de tal população à educação básica.
Diante de tal realidade, torna-se um desafio para a sociedade atual, promover a inclusão escolar proficiente de alunos com TEA tendo e DI. Entretanto, o que percebemos é que ainda estamos longe de obter sucesso nessa tarefa. E, uma das razões principais do insucesso nesse processo de aprendizagem básica é que esses alunos continuam sendo alvos de atitudes negativas por parte de alguns alunos, professores e outros profissionais da educação.
Estar num ambiente saudável, acolhedor, inclusivo e interativo é condição básica para qualquer aluno, seja com TEA ou não, desenvolver suas habilidades cognitivas. Por isso, é fundamental no processo de aprendizagem do aluno com TEA e DI a eliminação de atitudes negativas, especialmente, por meio de intervenções anti estigma, que levem em consideração a condição de saúde e a diversidade de fatores apresentados por cada indivíduo.
Outro aspecto a ser considerado é a não infantilização dos indivíduos dentro do TEA com DI. Existe um olhar tendencioso sobre a conveniência social, enquanto as atitudes implícitas em relação a essas crianças, adolescentes e, ainda pior, adultos é de mantê-los infantilizados e à margem, para que a sociedade não “precise” aprender a “lidar com as diferenças”.
Tal situação precisa ser redirecionada a fim de que sejam potencializadas e valorizadas as habilidades desses indivíduos, e, a partir daí, estimular seu desenvolvimento global, para superar suas dificuldades.
Mais do que discursar sobre bases políticas e ideológicas, precisamos olhar, com humanismo e solidariedade, métodos e estratégias que permitam que esses indivíduos, com suas especificidades, possam ter uma vida digna e de qualidade, sendo inseridos em uma sociedade que não negue tais dificuldades, mas que busque diminuí-las, até que se tornem “invisíveis”, independente de suas possibilidades reais.
Ao refletir sobre as atuais condições vivenciadas pelos indivíduos com TEA e DI, anseio pelo dia em que possamos pensar no “HOMEM” enquanto espécie, priorizando nosso olhar para suas qualidades, respeitando-o como indivíduo. Nesse dia, teremos uma sociedade capaz de incluir verdadeiramente.
Kelly Lopes é Pedagoga, Psicanalista, Arterapeuta, Formanda em Neurociências e Educação.