Por Thiago Gusmão
Uma importante definição do Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo associação américa de psiquiatria APA 2013, refere como um conjunto de anormalidades do comportamento, caracterizado por prejuízo da interação e da comunicação social, acompanhado por um repertório restrito e repetitivos de comportamentos, atividades e interesses.
Palácio em 2019, refere que muitos estudos encontrados na Análise do Comportamento evidencia que o comportamento é mais propenso a se tornar insensível quando este está sobre o controle de regras, principalmente em estudos com com indivíduos adultos e típicos. Essa sensibilidade ainda não esta sendo investigada em crianças com transtorno do espectro autista.
Outros fatores relacionados ao seguimento de regras, descritos por Silva em 2012, é que devido à dificuldade nas funções executivas, crianças autistas tem maior probabilidade de serem resistentes a diferentes mudanças, concluindo que podem apresentar uma rigidez em seguir regras específicas e consequentemente, a resistência à mudanças com maior frequência, mostrando uma aderência rígida a uma única regra com a dificuldade de generalização da mesma.
Muitos estudos evidenciam hipóteses que, na presença de diferentes condições de reforçamento, pessoas com TEA se comportam de acordo com a regra apresentada, ou seguindo as contingências do meio na qual estão inseridos. Sendo assim um estudo realizado por Palácio em 2019, verificou se o comportamento das crianças com TEA ficaria mais sobre o controle de regras ou de mudança nas contingências em diferentes condições experimentais, tendo resultado como uma tendência a se comportarem de acordo com as contingências. O comportamento de todos os participantes mostrou-se sensível à contingência em vigor apresentada, com porcentagens de acerto acima de 75%, e o comportamento mudou sistematicamente conforme as mudanças nas contingências.
A conclusão desse artigo de Palácio ressalta que pode ter ocorrido uma possível modelagem do comportamento, fazendo com que o comportamento pode não ter ficado sob controle das regras, ou seja, as crianças autistas podem ter ignorado as regras sem ter exercido nenhum controle sobre o comportamento. Esses dados podem estar relacionados com a falta da fase de reforçamento intermitente no presente estudo.
Conclui-se que, quando os participantes foram submetidos à fase com regra discrepante, tiveram alta sensibilidade comportamental, comportando-se conforme contingência em vigor. Conforme dados encontrados, as crianças apresentaram comportamento modelado conforme contingências.
Em parte, os resultados encontrados replicaram alguns resultados observados com adultos típicos e crianças, mas não da forma como ocorreu no presente estudo, de seguir a regra com muita facilidade e abandoná-la rapidamente.
É possível estabelecer controle verbal por regras para crianças com TEA, porém essas regras são rapidamente abandadas quando não há mais o reforçamento em vigor.
Referências
American Psychiatric Association (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed.
Silva e Lima, C (2007). Características da linguagem receptiva e expressiva de indivíduos deficientes mentais. Programa de Pós-graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos, São Paulo.
Silva, A. B. B (2012). Mundo singular: entenda o autismo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
Plácido, T. T. (2019). Efeito do tipo de regra sobre a sensibilidade comportamental em crianças autistas/ McAuliffe, D., Hughes, S., & Barnes-Holmes, D.
Dr. Thiago Gusmão é neurologista infantil