por Herica Godoy
Vivemos de encerramentos e recomeços. É o movimento natural da vida que hora nos impõe mudanças drásticas e outras vezes nos apresenta um cardápio repleto de opções. Ao brincar com uma criança, percebemos o quanto ela é incansável em recomeçar a mesma brincadeira um número de vezes sempre superior ao que nós adultos suportamos. E o mais impressionante é que a alegria é a mesma, como se estivesse experimentando aquele sentimento pela primeira vez e não é raro que o final da brincadeira termine em um choro frustrado por não poder recomeçar tudo de novo.
Com o passar do tempo, aumenta a nossa busca por experiências que nos façam sentir emoções novas e também vamos aprendendo como lidar com o fim e início das coisas.
Eu diria que existe um acontecimento dentre os tantos movimentos naturais que vivenciamos, que não é um processo de fácil aceitação: a morte. Talvez porque ela nos imponha um recomeço que já chega carregado de dor e nos obrigue a seguir a vida com a ausência, quer nós estejamos dispostos ou não. Acredito ser esse o mais doloroso de todos os recomeços.
Podemos falar de muitos outros…
Quem nunca precisou recomeçar após um relacionamento que não deu certo, ou rever sua carreira profissional ao perder o emprego de uma hora pra outra?
E aquela sensação de iniciar o ano traçando novas metas e revendo todos os objetivos não alcançados no ano anterior?
Recomeçar é inevitável. Pode ser frustrante ou extremamente motivador, depende da maneira que cada um de nós encara os desafios.
Um exercício que nos ajuda a manter a motivação para recomeçar em qualquer área da nossa vida, é trazer à memória o caminho que já percorremos e todo aprendizado adquirido até o momento. Com certeza não somos mais os mesmos.
Outra informação importante e esta, deveríamos escrever e deixá-la em algum lugar visível para nunca nos esquecermos:
“O que estou vivendo hoje, não define quem eu sou. É somente uma parte do processo, que embora eu não compreenda agora, lá na frente fará total sentido pra mim”.
Neste momento em que estamos voltando às atividades depois de dois anos de uma Pandemia que ainda nos assombra, precisamos ser mais brandos em nossas cobranças pessoais. Muita coisa mudou no âmbito das relações, do trabalho, do entretenimento…
Estamos todos recomeçando de alguma forma. Precisamos aprender a lidar não só com as questões práticas como também com nossas emoções e questões psíquicas que tanto foram abaladas nessa loucura que vivemos nos últimos dois anos.
São muitas dúvidas, insegurança e medo que constantemente nos amedrontam. Cuidar da saúde mental nesse momento é prioritário. Não se iluda. Um monte de gente parece ter todas as respostas e estar super segura do que está fazendo, mas na verdade eles só estão se movimentando na direção do que acreditam, e não estão errados.
Nesse momento, mover-se é tão necessário quanto continuar respirando. Viver e recomeçar, tantas vezes quantas forem necessárias.