Todos os dias me apaixono por uma mulher diferente.
Desde que iniciei a Rede Fortalecimento Feminino, meu olhar e sentimento se tornaram muito mais acolhedores em relação a esse ser tão complexo e encantador que é a mulher.
O mais lindo é perceber que não importa o quanto somos diferentes umas das outras, sempre haverá algo que nos une.
O discurso de que somos falsas umas com as outras e que não pode haver amizade sincera entre mulheres, deve ser confrontado por nós, todos os dias. O sentimento de rivalidade entre as mulheres, alimentado pelo patriarcado, nos afastou e enfraqueceu durante tempo demais, assim como muitas outras tentativas de nos calar.
Já fomos acusadas de tantas coisas no passado e ainda carregamos muitos estigmas impostos às nossas ancestrais.
A estrutura patriarcal fez com que a Idade Antiga e o Período Medieval ficassem conhecidos por assassinar brutalmente milhares de mulheres acusadas de bruxaria porque “sabiam demais”.
Elas eram torturadas por vários dias até confessarem todo tipo de atrocidades como terem tido relações sexuais com o demônio, por exemplo. Após a confissão ficava fácil condenar a “bruxa” à morte.
Essa matança foi liderada pela Igreja que perseguia mulheres que tinham conhecimento em diversas áreas como a fitoterapia, que utiliza plantas para fazer remédios, filosofia, eram parteiras…
Vejam essa história:
“Uma mulher nas ilhas Orkney, na costa nordeste da Escócia, havia se desentendido com um pescador em sua aldeia.
Um dia ele estava no mar quando uma tempestade aconteceu.
“Ele disse que quando saiu para o mar, viu uma foca. E ele acreditou que a foca olhava para ele, e pensou que a foca era essa mulher, como uma bruxa”.
Eles então acreditaram que ela tinha a capacidade de se transformar em diferentes animais. E isso foi o suficiente: ela foi executada.
Ou seja, o devaneio de um homem bastou para que uma mulher fosse condenada à morte.
O que mudou?
Infelizmente hoje ainda a palavra de um homem tem muito mais peso do que da mulher. Vemos mulheres lutando na justiça pela condenação do seu estuprador, com muitas provas físicas e depoimentos, mas mesmo assim a justiça insiste em inocentar o homem.
Pararam de nos jogar nas fogueiras, mas continuam nos matando e invalidando nossa palavra e existência.
Ainda temos um longo caminho até conquistarmos o respeito que nos é devido. Durante muito tempo nos calaram, preteriram e usaram como objeto e isso distorceu até a imagem que temos de nós mesmas. Por todos esses motivos precisamos nos apoiar e juntas escrevermos um novo capítulo dessa história.