Sou Desiara Pesca, fisioterapeuta formada no ano de 2003, onde comecei minha trajetória atendendo na neuropediatria. Mas por trabalhar com crianças, me sentia muito incomodada com a metodologia terapêutica utilizada nos nossos atendimentos convencionais, pois sempre pensei na possibilidade de agregar algo mais lúdico e recreativo nos atendimentos, sem perder os ganhos terapêuticos. Questionava acerca dos atendimentos dentro de uma sala fechada com tatames e brinquedos que os pacientes já estavam habituadas a outras terapias.
Foi quando conheci a Equoterapia e, no ano de 2004, fui para a Associação Nacional de Equoterapia (ANDE- BRASIL) situada em Brasília, onde fiz o curso Básico de Equoterapia. Daí surgiu o meu primeiro contato com essa fantástica terapia, e esse foi o primeiro de muitos cursos que fiz nessa área, sempre buscando uma formação teórica/pratica eficaz para dar o melhor atendimento aos praticantes/pacientes da Equoterapia.
No início não foi fácil, querer trabalhar com algo que ainda era pouco difundido no estado, onde não existia muita aceitação devido ao alto custo da manutenção do espaço e ao ambiente de incertezas e especulações com relação a eficácia da terapia propriamente dita, sem contar com a dificuldade financeira que a instituição em que eu trabalhava passava no momento da apresentação do projeto.
Mas após muita insistência, debates, realmente mostrando, comprovando e convencendo os gestores acerca da importância da Equoterapia, que ai conseguimos desenvolver nosso projeto, que com pouco tempo ganhou uma visibilidade e aceitação gigantesca, impactando e transformando a vida dos praticantes, e todas as pessoas que conheciam o projeto se encantavam e se apaixonavam pelos ganhos da terapia.
Hoje sou funcionaria Associação dos Amigos dos Autistas do Espirito Santo (Amaes) e estamos fazendo os atendimentos em parceria com a Cavalaria da Policia Militar do Espirito Santo (RpMontes), onde conseguimos trazer grandes benefícios não só para nossos autistas, como também para as outras patologias.
Trabalhar na Amaes já era um sonho antigo que sempre tive em minha vida, e sempre que fui solicitada, ajudava no que fosse preciso nos eventos realizados por essa conceituada instituição, mesmo ainda não estando trabalhando na mesma. Mas hoje, sou muito grata e feliz por compor essa equipe linda. Juntos Somos Amaes!
Mas vamos então falar um pouquinho dessa terapia tão especial. A Equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência. Emprega o cavalo como agente promotor de ganhos a nível físico e psíquico, com seu movimento tridimensional, atua na facilitação neuromuscular, contribuindo para o desenvolvimento das atividades motoras, cognitivas, sensoriais, psicológicas e sociocomunicativas dos praticantes.
Essa atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo assim para o desenvolvimento da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio corpo, aperfeiçoamento da coordenação motora global e do equilíbrio. A interação com o cavalo, incluindo os primeiros contatos, os cuidados preliminares, o ato de montar e o manuseio final, por si só já trazem ganhos terapêuticos extraordinários.
Mais além disso, é desenvolvido ainda, novas formas de socialização, autonomia, autoconfiança e autoestima, além do trabalho de concentração, atenção, estimulação da sensibilidade tátil, visual, auditiva, desenvolvimento do afeto e carinho. A Equoterapia faz com que a pessoa se torne mais sociável, facilitando o processo de integração, o que é muito importante no Autismo.
A Equoterapia é indicada no tratamento dos mais diversos tipos de comprometimentos motores, mentais, sociais, problemas neurológicos, ortopédicos, posturais, como: Paralisia Cerebral, Autismo, Atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor, Mielomeningocele, AVC, AVE, Síndrome de Down, Síndromes Neurológicas esquizofrenia, psicoses, entre outros. Os resultados podem ser observados em poucas sessões, como o tratamento é visto de forma lúdica, a sensação de bem-estar no final da sessão é facilmente observada.
É muito importante saber que para iniciar o atendimento na Equoterapia, é necessário avaliação criteriosa e apresentação da liberação médica, psicológica e fisioterapêutica. E que as pessoas procurem profissionais qualificados para os atendimentos, pois precisamos priorizar a segurança do praticante com os equipamentos, comportamento e atitudes habituais do cavalo, desenvolvendo assim um excelente trabalho sem intercorrências e com evoluções significativas.
Desiara A. Pesca – Fisioterapeuta
Curso básico e Avançado em Equoterapia pela ANDE – Brasil
Pós-Graduada em Equoterapia pela UNB/ ANDE- Brasil
Pós-Graduada em Neurologia
Pós-Graduada em Educação Especial
Pós-Graduada em Atenção Primária a Saúde
Pós-Graduando em Fisioterapia no Autismo