A vivência da deficiência é um contínuo de lutas, avanços e desafios na árdua tarefa de enfrentar um contexto social desafiador e que produz desigualdade o tempo todo. Uma realidade dura, que exclui, rejeita e sonega direitos e oportunidades aos que não se encaixam nos padrões socialmente arquitetados, aos diferentes, às minorias.
Um somatório de camadas de exclusão que estigmatiza as pessoas com deficiência e tenta, a todo o momento, taxá-las como cidadãos de menor valor. É neste contexto que as Apaes constroem sua atuação como movimento social representativo da causa das pessoas com deficiência.
O desafio coletivo é de planejar estratégias de enfrentamento e organizar ações que possam colocar a pessoa com deficiência na agenda pública, pavimentando caminhos para uma inclusão social efetiva, rompendo a inviabilidade e empoderando o protagonismo desta causa.
Datas de conscientização como o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência e a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, 21 de setembro e 21 a 28 de agosto, respectivamente, são oportunidades para apresentarmos temas para o debate.
Neste contexto, destacamos duas reflexões que precisam estar na pauta da luta por uma sociedade mais inclusiva nos tempos atuais. A primeira é que vivemos uma era da informação, da comunicação, da inovação e da conexão e precisamos incluir a pessoa com deficiência neste tempo.
Não podemos permitir que a exclusão tecnológica e informacional construa uma nova barreira capaz de gerar mais desigualdade, alimentando preconceitos históricos que tentam determinar limites e lugares para as pessoas com deficiência, numa lógica perversa de que “para quem não tem nada, alguma coisa serve”.
Não se pode aceitar e alimentar esse olhar estereotipado da incapacidade e devemos defender fortemente a condição da pessoa com deficiência como sujeito de direitos, com as suas singularidades sendo reconhecidas, aceitas e apoiadas.
Do mesmo modo, é importante usar o mundo conectado e sem fronteiras para difundir conhecimento e informações que podem impactar a causa e contribuir para a derrubada de muros e o enfrentamento ao capacitismo.
A segunda reflexão é reconhecer que a luta das pessoas com deficiência por direitos não pode ser um ato solitário. A responsabilidade por construir uma sociedade inclusiva é de todos, pessoas com deficiência, famílias, movimentos sociais, poder público, empresas, religiões, entre outros.
Se a deficiência toca diretamente a pessoa e sua família na dimensão individual, sua causa deve ser assumida como um compromisso coletivo. Por isso, é importante a mobilização e conscientização sobre esta temática.
Vanderson R Pedruzzi Gaburo
Sociólogo, Mestre em História Social das Relações Políticas
Consultor, palestrante, professor e Presidente da Federação das Apaes do ES