O Plano Real foi uma série de reformas econômicas implementadas em 1994 com o objetivo principal de conter a hiperinflação.
O Brasil, naquela época, enfrentava um cenário de preços constantemente em alta, tornando praticamente impossível qualquer planejamento financeiro de longo prazo.
Para entender o contexto histórico que precede o Plano Real, precisamos recuar algumas décadas.
Entre 1968 e 1972, vivia-se no Brasil o chamado “Milagre Econômico” com taxas relativamente baixas de inflação e crescimento econômico acima dos 10% ao ano, números muito bons para o momento, impulsionados pelo cenário externo extremamente favorável.
No entanto, o percurso da história mudou a partir da Crise do Petróleo de 1973, quando os países árabes produtores de petróleo coordenaram um movimento que triplicou o preço do barril e trouxe choques econômicos em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Desde então, a população brasileira teve que passar por cinco moedas diferentes e enfrentar a hiperinflação.
Em meio à descrença econômica, o Cruzeiro-Real sai de circulação para a chegada do Real, que, embora não tenha resolvido todos os problemas econômicos da época, foi de grande importância para a estabilização econômica, trazendo alívio para grande parte dos brasileiros e permitindo o caminho livre para a retomada do crescimento econômico.
Alguns críticos apontam custos sociais, como desemprego e outros ajustes dolorosos, mas sabemos que estabilizar uma economia traz consigo “trade-offs” inevitáveis. Trinta anos depois, vemos o quão importante foi essa resposta.
Esse trigésimo aniversário chega em momento oportuno, pois nos lembra da importância de manter o controle da situação.
Ainda enfrentamos desafios significativos em termos fiscais e de gastos públicos, e a preocupação com a preservação do poder de compra permanece constante em nossas mentes.
Neste período, consolidamos avanços, mas também precisamos aprender com os erros e buscar soluções para os problemas que persistem. A estabilidade econômica é um processo contínuo, que exige vigilância e adaptação às mudanças globais e locais.
Olhando para frente, é essencial fortalecer políticas que promovam o crescimento, garantindo que os benefícios econômicos alcancem todos os setores da sociedade.
Este aniversário não apenas celebra conquistas passadas, mas também nos relembra que precisamos enfrentar os desafios futuros com determinação e pragmatismo.
Afinal, o “imposto inflacionário” é o que mais impacta nossa população.
Flávio Figueiredo
Assessor e sócio da Valor Investimentos
Excelente texto!