Nos últimos dez anos, o varejo brasileiro enfrentou uma série de desafios econômicos que afetaram drasticamente a sustentabilidade de muitas empresas.
A crise financeira que se instalou em 2014, a recessão que se seguiu, e mais recentemente, o impacto da pandemia de COVID-19, deixaram cicatrizes profundas no setor.
Muitos varejistas, especialmente pequenos e médios empresários, tiveram que lidar com uma equação cruel: excesso de estoque parado, perda de valor dos produtos e, em muitos casos, fechamento das portas.
A questão dos estoques acumulados se tornou um dos maiores problemas para o varejo. Mercadorias que não são vendidas a tempo acabam perdendo valor, seja por sazonalidade, mudança de tendências ou até mesmo deterioração.
Para o empresário, isso significa capital imobilizado que não gera receita, além de custos adicionais de armazenagem e manutenção. E quando esses produtos não conseguem ser vendidos, as perdas são inevitáveis.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), em 2021, mais de 500 mil empresas do setor fecharam suas portas, muitas delas devido ao acúmulo de dívidas e à falta de giro de estoque.
A sobrecarga de produtos encalhados é uma das principais causas do fracasso, sobretudo porque o estoque parado queima dinheiro, estraga ou perde valor de venda, prejudicando a saúde financeira do negócio.
Impacto no Espírito Santo e o perfil do varejo local
O Espírito Santo, com uma população de aproximadamente 4 milhões de habitantes e uma economia em crescimento constante, não foi imune a essas dificuldades.
Com forte atuação nos setores de moda, móveis e eletrodomésticos, o estado enfrentou os mesmos dilemas de estoques encalhados e perda de capital que o restante do país.
Além disso, o Estado se destaca pela sua alta taxa de urbanização, concentrada principalmente na Grande Vitória, o que cria um mercado promissor para o varejo, mas também altamente competitivo.
Com uma classe média em expansão e um público consumidor que busca por bons negócios, o desafio para os lojistas locais é equilibrar a oferta e a demanda, sem comprometer o fluxo de caixa.
Eventos de baixo custo (low price) surgem como uma solução estratégica para liberar estoque, oferecendo produtos a preços atrativos sem comprometer as margens de lucro.
Tendências do varejo para 2024 e 2025
As projeções indicam que o varejo no Brasil, e particularmente no Espírito Santo, continuará enfrentando grandes desafios em 2024 e 2025.
A inflação, ainda presente, pode afetar o poder de compra das famílias, o que torna o cenário ainda mais desafiador para os comerciantes. A tendência é que o consumidor brasileiro busque cada vez mais por economia e conveniência.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 75% dos consumidores já demonstram uma inclinação maior para comprar em eventos de descontos ou promoções.
Além disso, o mercado online está em ascensão, forçando as lojas físicas a se reinventarem para competir.
Eventos que unem entretenimento, experiência de compra e preços baixos têm se mostrado uma estratégia eficiente para atrair consumidores de volta às lojas, tanto físicas quanto temporárias.
Solução: eventos de descontos e baixo custo
Para contornar o problema dos estoques parados e, ao mesmo tempo, gerar fluxo de caixa, muitos empresários têm buscado soluções em eventos de baixo custo.
Esses eventos são uma oportunidade de ouro para os varejistas liquidarem produtos de forma rápida e eficiente, ao mesmo tempo em que ganham visibilidade e renovam seu espaço para novas mercadorias.
Esses eventos funcionam como uma válvula de escape para o excesso de estoque.
A prática de descontos agressivos, com preços até 90% menores, pode parecer desvantajosa à primeira vista, mas é uma estratégia vital para liberar capital imobilizado, evitar o desperdício de mercadorias e garantir a continuidade do negócio.
Além disso, ao oferecer uma experiência de compra imersiva, que inclui gastronomia e entretenimento, esses eventos conseguem atrair um público diversificado, o que potencializa ainda mais as vendas.
Momento decisivo para o varejo
O varejo brasileiro, especialmente no Espírito Santo, passa por um momento decisivo.
A capacidade de adaptação às novas demandas do mercado e a adoção de estratégias criativas, como a participação em eventos de low price, pode ser a chave para garantir a sustentabilidade financeira dos negócios.
Para 2024 e 2025, as empresas que conseguirem unir boas ofertas com uma experiência diferenciada para o consumidor terão maiores chances de sobreviver e prosperar em um cenário ainda desafiador.
Victor de Castro
CEO da Alfaiataria de Ideias e fundador do Exagerado