O nível de endividamento das empresas brasileiras do agronegócio vem crescendo cada vez mais. Diante desse quadro, o Brasil fechou o terceiro trimestre do ano com 264 empresas do setor agropecuário em recuperação judicial, alta de 20,5% em relação ao mesmo período de 2023, segundo dados do Monitor RGF da Recuperação Judicial no Brasil, desenvolvido pela consultoria RGF&Associados.
Os segmentos mais atingidos foram o da soja; bovinos de corte; cana de açúcar; serviços de preparação de terreno; cultivo e colheita; e produção de milho, representando 75% das 264 empresas do agro em recuperação judicial.
Dentre as causas da crise, destacam-se os altos custos de produção, a queda nos preços das commodities, os problemas climáticos, que reduziram drasticamente a margem de lucro e os efeitos sofridos pela pandemia do Covid-19, além dos elevados juros em créditos agrícolas.
Frente a essa conjuntura climática e econômica, os produtores rurais viram a Recuperação Judicial como uma ferramenta essencial para lidar com a crise, assegurando a sustentabilidade do agronegócio e oferecendo uma nova chance para aqueles que estão enfrentando adversidades temporárias.
Alguns exemplos de empresas que pediram Recuperação Judicial são a AgroGalaxy, de Goiana (GO), uma das principais redes de varejo de insumos agrícolas do Brasil, com dívidas de R$ 3,7 bilhões; o Grupo Patense, de Patos de Minas (MG), com R$ 2,15 bilhões; Sperafico Agroindustrial, de Toledo (PR), com 1,07 bilhão; Usina Maringá e Indústria Comércio, de Santa Rita do Passa Quatro (SP), com R$ 1,02 bilhão; Elisa Agro Sustentável, de Aruanã (GO), com R$ 679,6 milhões; e Grupo AFG, de Cuiabá (MT), com R$ 648,5 milhões.
Os estados com mais pedidos no setor do agro são São Paulo e Goiás com um total de 46 empresas cada, seguidos por Mato Grosso (43) e Rio Grande do Sul (35).
Contudo, os estados que mais tiveram novas companhias entrando em recuperação judicial no terceiro trimestre foram Rio Grande do Sul (7) e Goiás (6), seguindo as expectativas da RGF&Associados citada em reportagem do Valor e da Globo Rural no final de julho, que indicaram que as enchentes ocorridas em diversas cidades rurais gaúchas poderiam contribuir para novos pedidos de recuperação judicial no setor ao longo do ano.
Bruno Finamore Simoni
Especialista em Direito Empresarial e Recuperação Judicial, e sócio do escritório Finamore Simoni Advogados