por Ana Paula França
Os melhores chefes do mundo são homens, sabe por quê? Porque além de competentes eles podem se dedicar às suas carreiras…
Na Constituição de 1824 a palavra “mulher” nem sequer foi mencionada, acreditam? Pois é, foi só na Constituição de 1934 que, pela primeira vez, as mulheres foram de alguma forma citadas por meio do princípio de igualdade entre os sexos no art. 113. No entanto, os direitos da mulher só foram de fato garantidos na Constituição de 1988 que igualou o homem e a mulher de forma expressa, conferindo ao Estado o dever de promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Mas convenhamos, não é bem isso que vimos por aí! Avançamos sim, afinal segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), hoje, mais de 50% da população feminina já é economicamente ativa. Mas não é uma jornada fácil. Ser mulher é sobretudo quebrar barreiras.
Vivemos em uma sociedade em que é atribuída à mulher todas as atividades do lar, um modelo que onera a mulher para liberar os homens a exercerem seus talentos como bem entendem. Percebem por que iniciei o texto com tal afirmativa?
Uma pesquisa francesa apontou que a carga mental feminina chega a ser até 70% maior que a dos homens. Em outra, os estudos apontaram que as mulheres tomam mais de 3 mil decisões ao dia! Uma terceira, evidenciou que 94% das mulheres sentem dificuldade de conciliar a carreira com a maternidade. E olha que nem precisávamos de pesquisas para saber o quão desafiadora é nossa jornada.
Isso está mudando e os homens ajudam em casa! Inclusive muitos cozinham e gostam desse lugar que essencialmente era da mulher! Mas me diga você, sinceramente: quem faz a gestão da dispensa? Quem determina o que se vai comer no dia a dia? Quem vai regularmente ao supermercado? Quem senta e espera o almoço sem ter que responder pelo menos onde está a panela x ou o ingrediente y? É raro ver um caso em que o homem divide igualmente as funções com a mulher. Afinal, quem leva os filhos ao médico? Quem falta ao trabalho quando a babá atrasa? Quem compra os presentes dos aniversários? Sim, normalmente, a mulher.
E mais: Se não existe liberdade sem liberdade financeira, então estamos longe mesmo do caminho da igualdade. Recentemente o IBGE divulgou que a diferença salarial entre gêneros no Brasil ainda é enorme e que Vitória é a quarta capital com maior diferença salarial entre homens e mulheres. Talvez seja por isso que, no Espírito Santo, as mulheres já estão à frente de 206 mil negócios, o que representa 33,5% dos CNPJs ativos do estado. No país, 7 milhões de empresas pertencem às mulheres, uma forma de driblar o preconceito e os desafios do mercado de trabalho fundamentado no modelo patriarcal.
A solução está longe de ser simples. A libertação e igualdade que tanto almejamos tem uma estrada longa. É preciso compreender e ampliar a consciência a começar por nós mesmas! Empoderamento feminino é respeitar as outras mulheres, independente do estilo de vida que elas levam. É encorajá-las, apoiá-las e ajudá-las a descobrirem o seu poder como mulher porque só seremos livres quando todas as mulheres forem. Portanto, a transformação começa em cada uma de nós.
E quando saberemos que alcançamos a igualdade? Segura essa: quando houver mulheres incompetentes em cargos de alta liderança!
Ana Paula França é diretora-executiva da Ibef-ES e CEO do Acelera Mulher