Desoneração da folha de pagamento: julgamento no STF é capítulo de novela sem fim

Francisco Guaitolini é advogado tributarista. Foto: Acervo pessoal

O embate entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário sobre a desoneração da folha de pagamento retrata a falta de harmonia entre os Três Poderes no Brasil.

A controvérsia surgiu com a aprovação no Congresso Nacional da lei que prorrogou a desoneração para empresas de 17 setores até 2027.

Esse mecanismo permite que empresas sejam dispensadas de pagar o INSS patronal sobre a folha de pagamento, tendo como opção a tributação sobre suas receitas brutas.

A medida tinha como objetivo impulsionar a criação de empregos e estimular o crescimento econômico do país.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, tomou uma direção oposta ao projeto aprovado no parlamento. Ele sancionou uma Medida Provisória que propunha o gradual retorno da carga tributária sobre a folha.

A decisão foi recebida com críticas e reações no Congresso, e o governo federal decidiu revogar parte da MP e encaminhou a questão para debate em projeto de lei.

Quando o assunto parecia seguir o seu curso, o governo federal resolveu levar a questão ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente Lula contestou a validade de partes da lei aprovada pelo Congresso Nacional, e o imbróglio ganhou novos contornos.

O ministro Cristiano Zanin concedeu liminar (decisão provisória) favorável ao governo, e agora o caso está em votação no plenário do Supremo.

Enquanto o Legislativo, o Executivo e o Judiciário não se entendem, quem paga a conta é a indústria e o trabalhador.

Essa falta de sincronia entre os poderes gera insegurança jurídica e prejudica a iniciativa privada, dificultando o planejamento de empresas e negócios em um ambiente de constantes mudanças e incertezas.

Sem a desoneração, pode haver três impactos imediatos: o empresário pensar duas vezes antes de contratar novos funcionários; corte de salários; e, no pior dos cenários, demissões.

Tudo isso porque a empresa tende a evitar uma folha de pagamento pesada, pois recolheria os 20% do INSS sobre ela, ao invés da tributação de 1% a 4,5% sobre a receita bruta permitida pela desoneração.

A falta de um ambiente favorável às empresas dificulta muito o crescimento da nossa economia.

O que nos resta, como sociedade brasileira, é acompanhar os próximos capítulos dessa longa história e torcer pra que chegue logo o capítulo final.

Francisco Guaitolini

Advogado tributarista e sócio do Bustamante Guaitolini Almada Advogados

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