Mobiliário capixaba: design único e potencial nacional

Natalia Scarpatti é arquiteta. Foto: Acervo pessoal

O móvel do Espírito Santo possui características únicas, derivadas da sua história, que se inicia com a imigração pomerana, que apresenta um forte senso de utilidade sem renunciar à estética artística.

No modernismo se mantém com uma série de obras particulares desenvolvidas por Zanine Caldas, que passou os últimos três anos de sua vida residindo em Vila Velha.

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Em sintonia com os ideais modernistas, o arquiteto capixaba, vencedor do prêmio Pritzker16, Paulo Mendes da Rocha desenha mobiliários que tentam compreender a relação do corpo humano com o móvel.

Atualmente, o mobiliário capixaba se reafirma no design contemporâneo com as marcenarias que primam pelo rigor da confecção artesanal e também pela fabricação digital de indústrias de rochas ornamentais e do setor moveleiro.

Mobiliário traz informação sobre nossa cultura

O mobiliário autoral é carregado de informação sobre a nossa cultura e sua interpretação pode situar tempo e espaço.

O designer, para além de atender necessidades funcionais, também é responsável pela evolução dessas funções, contribuindo para uma mudança comportamental que pode ser facilmente exemplificada no modo de sentar ao longo dos anos.

Sendo assim, as definições que nos são dadas para “design” não são capazes de explicar toda complexidade desse campo de atuação.

Para complementar essa definição, é importante perceber o lugar de inserção do design autoral dentro das artes visuais.

Móvel assinado cria sentido provocador

O móvel assinado convida o usuário a olhar o produto de outra maneira, cria um sentido provocador, de fruição e, por isso, promove ao interlocutor uma relação com o objeto que vai além do consumo, da função e do conforto.

O design também se alinha à produção e ao circuito artístico quando afirmamos que, assim como a arte, é um produto que pode ser informado culturalmente ou informar novas manifestações.

Quando atestamos isso, afastamos questões reducionistas que querem definir onde pode ou não pode estar uma peça de design autoral ou, por exemplo, se é um produto para ser usado ou observado.

No Espírito Santo, o que pode ser constatado é a necessidade de conectar uma grande capacidade produtiva, seja de marcenarias artesanais, indústrias moveleiras e produtores artísticos, com a grande capacidade criativa dos profissionais capixabas.

Carência de eventos no setor

É nítida a carência de eventos que promovam o design de móveis autorais, de impacto e a economia criativa nesse setor.

Precisamos colocar em debate o design de mobiliário como ferramenta de transformação e inclusão social.

Mostrar o mobiliário urbano como provedor de um novo jeito de se relacionar com os espaços públicos e o design como inovação que impulsiona relações sociais, culturais e econômicas.

O Brasil e o mundo precisam conhecer o design de mobiliário capixaba a partir da atuação dos profissionais altamente capacitados, da relevância da marcenaria artesanal presente no Estado, da presença de matérias-primas originárias como as rochas ornamentais e do mercado industrial moveleiro pulsante.

Natalia Scarpatti

Arquiteta e Urbanista, e Conselheira do Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do Espírito santo (IAB-ES).

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