Consumo consciente e ascensão social: reflexões necessárias

Maria Emilia Peres
Maria Emilia Peres. Foto: Acervo pessoal

Recentemente, em uma conversa com um amigo, uma história me fez refletir sobre as complexidades do consumo consciente e da sustentabilidade.

Ele contou sobre a primeira viagem de sua esposa para Nova Iorque (EUA), um marco significativo em suas vidas.

Durante a viagem, ele sugeriu que fossem mais conscientes no consumo, evitando os excessos típicos de compras em outlets.

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A resposta dela foi enfática: “Agora que eu posso, que alcancei um poder econômico que me permite fazer isso, eu devo me conter?”

Essa resposta revela uma questão profunda: como promover o consumo consciente em um contexto de ascensão social e econômica?

Consumo e identidade social

O consumo é mais do que uma simples transação econômica. Ele está intrinsecamente ligado à identidade e ao status social.

Para alguém que trabalhou arduamente para alcançar uma posição financeira que permite realizar sonhos, como viajar e comprar em Nova Iorque, a ideia de limitar esse consumo pode parecer uma negação de suas conquistas.

O sociólogo francês Pierre Bourdieu argumenta que nossas escolhas de consumo refletem e reforçam nossa posição social e nossos gostos culturais.

A necessidade de um consumo consciente

O movimento de consumo consciente busca incentivar as pessoas a refletirem sobre o impacto ambiental e social de suas escolhas de consumo.

No entanto, a história do meu amigo evidencia que essa mudança comportamental não é simples.

Para promover um consumo consciente efetivo, precisamos entender as motivações subjacentes ao consumo e oferecer alternativas que atendam às necessidades emocionais e sociais das pessoas.

Promovendo a mudança

Para fomentar um consumo consciente, é preciso que as mudanças passem por educar com sensibilidade.

Informar sobre os impactos ambientais deve ser feito de maneira que respeite as aspirações das pessoas.

Outro ponto importante é oferecer alternativas atraentes, como produtos de qualidade, duráveis e eco-friendly, ou experiências que valorizem a sustentabilidade.

Destacaria também o impacto comunitário, já que criar uma cultura de consumo consciente nas comunidades pode ter um efeito multiplicador positivo.

Impactos positivos

Adotar práticas de consumo consciente pode proporcionar um senso de realização e propósito, reforçar uma identidade positiva, reduzir o estresse financeiro e influenciar positivamente a comunidade.

A história do meu amigo e sua esposa é um lembrete poderoso de que a sustentabilidade não é uma jornada linear, mas um processo complexo que envolve mudanças sociais, econômicas e culturais.

A transição para uma sociedade mais sustentável exige empatia, educação e alternativas viáveis que ressoem com as aspirações e realidades das pessoas.

Somente assim poderemos promover uma mudança duradoura e significativa.

Maria Emilia Peres

Líder das Ofertas Integradas para Clima, Sustentabilidade & Equidade e do GreenSpace Tech da Deloitte

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