Em sua história, o Estado do Espírito Santo passou por momentos de crises agudas, como na erradicação dos cafezais no final dos anos 60 ou, já nos anos 90, quando passou por crise institucional e das finanças públicas.
Nos anos 60, a principal atividade econômica do Estado – o café – foi reduzida a um terço, por decisão federal imposta aos capixabas. Houve a desorganização urbana, por conta da migração desordenada para a cidade, as quais não tinham estrutura nem recursos para absorver tamanho impacto populacional. Da crise da erradicação dos cafezais surgiu o Fundap – incentivo ao Comércio exterior e o início da industrialização do Estado. Em alguns momentos, lideranças empresariais emergiram como lideranças políticas, com uma marca de sucesso.
A crise dos anos 90 teve como componentes questões de natureza ética e política, além da grave desorganização das finanças estaduais. Até o ano de 2002, o quadro predominante foi de atrasado na folha de salários dos servidores públicos, falta de investimentos nas áreas sociais – saúde, segurança e sistema prisional, educação- , atrasos no pagamento de fornecedores e de credores da divida e deterioração do ambiente de negócios. A concessão desregulada de incentivos fiscais reduziu a atração de negócios, expulsou empresas no nosso território e inibiu investimentos produtivos.
Daí emergiu um movimento empresarial sólido, organizado e proativo na atração de lideranças de diversos outros segmentos, que se uniram num esforço inédito para apoiar a construção e a implementação de uma agenda comum de desenvolvimento, que orgulha e dignifica a sociedade capixaba.
As lideranças empresariais engajadas no processo de desenvolvimento local vêm exercendo, assim, papel fundamental para apontar soluções e para apoiar o governo na superação de crises.
O Estado atualmente passa por uma nova situação de crise política, ética e econômica brasileira, a qual encerra um ciclo de prosperidade e de conquistas sociais. Também nas contas públicas, a desorganização remonta a um retrocesso de mais uma década. Mas a sociedade, que aprendeu com o sofrimento e os exemplos do passado, tomou para si o valor da responsabilidade fiscal, da gestão pública com meritocracia e da ordem institucional.
Novamente, a qualidade e a coesão das lideranças empresariais compõem um atributo de enorme valor para os capixabas para superação de uma fase de grandes desafios, além do que, pelos exemplos, já descritos, elas têm muito a contribuir para o Brasil.
Ana Paula Vescovi
Secretária de Estado da Fazenda
*Artigo originalmente publicado na Revista do Prêmio Líder Empresarial