Artigo: O negócio é desacelerar pra viver melhor!

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Li em algum lugar e gostei: “Na pausa não há música, mas a pausa ajuda a fazer a música. ”Fazendo uma analogia com a nossa vida, é interessante entender que as pausas são o que garante o equilíbrio da nossa existência. 

Quando emendamos uma atividade na outra, o resultado vai ser um grande estresse e uma baixa produtividade. 

Na nossa cultura existe um poderoso tabu contra as pausas. 

Basta encontrar uma pessoa com um ritmo diferente que já estamos rotulando de lerdo ou de preguiçoso. 

No entanto, desacelerar é preciso. Aprender a fazer pequenas pausas, relaxar e aproveitar o tempo que estamos longe do trabalho ou de qualquer outra atividade é um ócio saudável. 

O que faz a gente sentir que não há tempo suficiente para tudo ao longo de um dia, é a crença baseada no quanto mais, melhor. Mas esse é o mantra das mentes ansiosas que pulam de um desejo para outro desejo, num círculo consumista que não tem fim. 

Parar e fazer pequenas pausas entre uma atividade e outra é tão raro nos dias de hoje que os que se atrevem, acabam experimentando um terrível sentimento de culpa.

Todo mundo correndo e eu aqui sem fazer nada! Como pode? Como pode isso? O mundo inteiro vive hoje esse drama. 

Os alemães até inventaram um termo para isso: “Freizeit Stress”.

Ela pode ser traduzida como estresse em seu tempo livre, para demonstrar que mesmo quando uma pessoa está longe do trabalho, ela se estressa por achar que está desperdiçando tempo ao invés de produzir mais. 

Uma pessoa assim, vive procurando buracos em sua agenda para se ocupar e se livrar da culpa por não fazer nada. A coisa é tão séria que hoje existe na Alemanha uma série de workshops que ensinam as pessoas a relaxar nas férias! 

Ou seja, o que deveria ser natural em qualquer ser humano, agora precisa ser ensinado. Veja só que situação! 

Isso está tão forte em muitas culturas que algumas pessoas não se dão mais conta de que estão doentes e precisam se tratar. 

A ansiedade, que é a causa de todas as doenças graves, é encarada como um fenômeno altamente normal, muitas vezes até associado à inteligência. 

Muitos acreditam que são acelerados porque são empreendedores, seres especiais, que têm os pés e os olhos no futuro, quando na verdade estão precisando de tratamento terapêutico. 

Essa “síndrome da urgência” de querer tudo “para ontem” provoca um grande estrago na nossa estrutura emocional. Afinal, ela nos leva a acreditar que nunca teremos tempo para descansar e que nunca faremos algo realmente bem feito. 

O resultado disso é um sentimento de incompletude que corrói a alma da gente – Eu não sou suficientemente bom… Não consigo, não posso, não sou capaz! 

Mas o bom dessa história é que podemos mudar o curso da nossa vida na hora em que bem entendermos. 

O começo da mudança passa, no entanto, pelo reconhecimento da necessidade da mudança. 

É aquilo que o filósofo Aristóteles ensinava aos seus discípulos na Grécia: “A ignorância é o começo da sabedoria. Se eu não reconheço que não sei, permanecerei não sabendo nada. Quando descubro que não sei, começo a jornada do conhecimento e da busca do saber”.

Feito o diagnóstico do problema, o segundo passo é diminuir o número de atividades extras na agenda, abrindo mais tempo livre para você. 

No meu caso, passei a reservar um horário na minha agenda de manhã e outro à tarde, quando eu passo então a ser a minha única prioridade. Nesses horários, ouço atentamente o meu coração e cuido de mim, com o mesmo zelo destinado aos meus clientes. 

E nada substitui o contato olho no olho. 

Por isso, outra atitude eficiente para dar mais qualidade à nossa vida é passar menos tempo diante da televisão e desligar-se um pouco da tecnologia que domina o mundo de hoje e invade nosso tempo privado. 

Celulares e laptops são instrumentos fabulosos e podem ajudar você a ser mais produtivo, estar socialmente conectado e às vezes até ajudam a relaxar, mas precisamos usá-los de forma mais equilibrada. 

Só conseguimos desenvolver as virtudes humanas praticando-as dia após dia. 

É aquilo que o poeta Carlos Drummond dizia: “Amar só se aprende amando”. 

Como educadora, percebo que os pais estão sobrecarregando demais as crianças com atividades extracurriculares. É uma infinidade de aulas e cursinhos que não tem mais fim, pouco tempo sobra para o filho brincar ou simplesmente não fazer nada, que é uma coisa muito saudável. 

A Ciência já comprova que o silêncio, o não fazer nada, é extremamente importante para o desenvolvimento da criatividade, da intuição e da genialidade. 

Quando aprendemos a olhar para dentro de nós, estamos prontos para estabelecer conexões harmoniosas uns com os outros de forma madura e leve. Isso nos tornará mais produtivos, com mais energia, clareza e felizes em qualquer ambiente onde estivermos. 

O comando é desacelerar e rever o significado que estamos dando pra nossa vida. 

E mesmo que essa mudança não seja fácil, é importante que ela aconteça. E se realmente você se sente constrangido por desacelerar, comece fazendo isso aos poucos, de forma sutil. 

Você pode diminuir o seu ritmo e apreciar a beleza do caminho. 

Pode ainda treinar respirar de forma consciente e pausada entre uma atividade e outra, se permitir silenciar completamente para saborear suas refeições, desligando a máquina para abastecer, como você faz com o seu carro. 

O momento nos convida a fazer pausas internas, aquietar a mente de forma consciente e refletir sobre nossas ações, buscando novas opções para respondermos às situações da vida. 

Essa é uma maneira saudável de cuidarmos de nosso Eu, de melhorar nossa relação com o nosso mundo interior e com os outros. 

Ser feliz é mais simples do que se imagina…

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