Querendo ou não, gostando ou não das lições que aprendemos no dia a dia, é certo que todos nós, sem nenhuma exceção, estamos matriculados numa escola chamada Vida, onde a metodologia se processa de duas formas: ou pelo amor ou pela dor.
A vantagem é que os alunos dessa escola têm plena liberdade para escolher o método que mais lhes convém. As salas de aula dessa escola são variadas, assim como os níveis de aprendizado e as graduações.
Alguns alunos mais adiantados, outros precisando de reforço para passar de ano, mas a beleza da escola chamada Vida é que todos passam pelas mesmas lições e todos serão graduados um dia. Cada um no seu tempo, fazendo o melhor que pode com os recursos que tem disponível.
As primeiras lições começam já no nosso primeiro lar, na vida uterina, onde literalmente experimentamos o amor mais profundo, o amor de mãe.
Alguns alunos recebem esta graça, outros não.
Eu sou uma dessas alunas que tem o privilégio de ainda desfrutar da convivência com meus pais – Papai está hoje com 84 e mamãe com 78 anos.
Não vivem pertinho de mim, como eu gostaria, mas só de sabê-los vivos e saudáveis, já me sinto uma privilegiada.
Sr. João Agenor e Dona Lilia, moradores de Araújos, no interior de Minas Gerais, são dois alunos aplicados na Escola da vida, dois seres luminosos. E, sem medo de estar exagerando, ouso dizer que eles são a minha maior fonte de inspiração nesta existência.
O amor que recebo deles abastece a minha alma e me permite vencer os desafios que a vida gentilmente coloca diante de mim, com o propósito de me fazer evoluir espiritualmente.
Já passei por várias escolas, universidades, muitos mestres eu conheci, mas como João Agenor e dona Lilia não encontrei ninguém que me ensinasse tão bem. E fizeram isso de uma forma totalmente despretensiosa, pois ensinaram com o próprio exemplo.
Eles faziam aquilo que ensinavam aos filhos, lá em casa a lei era inspirada na prática: “Faça o que eu mando e o que eu faço.”
Assim como acontecia na minha casa, o ensino na Escola Vida é em tempo integral, as lições se sucedem uma após a outra, nem sempre existe recreio por aqui.
Por menor que seja um acontecimento, ele sempre traz consigo uma importante lição. Algumas experiências podem ser bem sucedidas, outras não. Mas aquelas que não deram certo também fazem parte do processo de evolução.
Os erros são tão importantes quanto os acertos. Importante para os professores da Escola da Vida não é ensinar o aluno a evitar os tombos, mas ensiná-lo a se levantar quantas vezes forem necessárias, como ensinam os sábios chineses:
“Se caíres sete vezes, levanta-te oito.”
Na sabedoria da escola da vida existe também processo de recuperação.
Quando a lição não é aprendida, ela será repetida até que haja o aprendizado, sem nenhuma pressa.
O importante nessa escola é fazer a coisa bem feita e só depois passar para a lição seguinte. O tempo na escola da vida tem outra dimensão, ele existe para ensinar, não tem nenhum compromisso com a velocidade.
Leve o tempo que levar, importante é fazer com que o aluno se torne cada dia um ser humano melhor.
Para atingir a excelência humana, a Escola da Vida recomenda a convivência permanente entre os alunos.
Não se evolui verdadeiramente mantendo-se distante dos problemas, afastado do mundo, convivendo apenas com árvores e pássaros.
É no confronto de ideias, no conflito de interesses e na diversidade de experiências que a gente cresce de verdade.
Amar só se aprende amando, já dizia o nosso querido Carlos Drummond de Andrade:
“Eu digo a você que só se aprende a viver vivendo, não tem outro jeito”.
Sem nenhuma pretensão de ensinar, porque é na condição de aluna que eu me coloco nesta existência, torço para que nenhum de nós, alunos da Escola da Vida, esqueça jamais da nossa condição de eternos aprendizes.
Que nenhum de nós, em nenhuma circunstância, se recrimine por ser demasiadamente humano.
É permitido errar na escola da vida, minha gente!
Não somos um produto pronto e acabado. Estamos na verdade em processo de construção e de aperfeiçoamento permanente.
Que tenhamos com nossos colegas de escola a mesma paciência que o Criador tem com a gente, seus filhos amados e perdoados constantemente.
O criador não julga, não compara, não classifica, não condena… Ama sempre!
Ama nossos acertos, ama nossas imperfeições, e sempre nos oferece a possibilidade de fazer melhor da próxima vez. Essa é a lição suprema que devemos ter como meta em nossa curta passagem pela Terra.
Sempre que você for tentado a julgar e condenar um colega de turma, vale lembrar o que nos ensina a Programação Neurolinguística, o estudo da excelência do comportamento humano: nós refletimos no mundo aquilo que somos.
Não podemos amar ou detestar algo em outra pessoa a menos que isso reflita algo que amamos ou detestamos em nós mesmos.
O outro, na verdade, é um espelho.
Enxergamos nele os defeitos que não aceitamos em nós. Charlie Chaplin, o gênio do cinema mudo, imortalizou a sua condição de eterno aprendiz da vida quando escreveu esta preciosidade:
“Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis e consegui esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso, já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém.
Já abracei para proteger, já dei risada quando não podia, fiz amigos eternos, amei e fui amado, mas também fui rejeitado. Fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade, já vivi de amor e quebrei a cara muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos, já liguei só para ouvir a voz da pessoa amada, me apaixonei por um sorriso, já pensei que fosse morrer de tanta saudade.
Tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo)! Mas vivi! Não passei pela vida em branco, você também não deveria passar!
Bom mesmo é enfrentar com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muita para ser insignificante.”