Reza a lenda que antigamente se prendia um homem pela boca e pelo sexo, hoje costumo dizer que só se prende um homem se ele não pagar a pensão alimentícia.
Brincadeiras à parte, mesmo porque deixar de pagar pensão alimentícia é crime, ninguém prende ninguém, casais só ficam juntos se houver amor, química, respeito de ambas as partes e conexão.
Porém não se pode negar que tanto na cozinha quanto no sexo, temos que ter criatividade, amor e tesão, como já dizia Nelson Rodrigues: “sem paixão não se chupa nem um picolé”.
A cozinha, para quem gosta e sabe cozinhar, é uma forma de sentir prazer, repito, para quem gosta de cozinhar, realmente sente um grande prazer, pois ali, naquele prato em que a pessoa irá fazer, tem um tempero à mais, tem um gosto diferente, tem um amor e prazer em fazer, em transformar, é a alquimia, a transformação, pois quando cozinhamos para alguém, colocamos ali naquele prato as nossas expectativas, a expectativa de saber se o outro vai gostar, se vai se deliciar, se vai sentir prazer ao comer, o mesmo prazer que sentimos quando cozinhamos.
No sexo não é muito diferente, também temos as nossas expectativas se iremos agradar o outro, se iremos dar prazer ao outro e, se o outro irá nos proporcionar prazer, se a química sexual será recíproca.
Da mesma forma que não iremos fazer sempre o mesmo prato maravilhoso, pois não podemos nos limitar a saber fazer, ou fazer somente um prato maravilhoso, no sexo é bem parecido, não podemos fazer sempre a mesma coisa. Por exemplo, se você fizer um striptease para seu parceiro ele vai adorar, mas se você fizer sempre, toda semana, ele vai enjoar, e, na cozinha é a mesma coisa, a pessoa pode adorar Foie Gras, mas, por mais exótico que seja, se comer todo dia vai enjoar.
Tem que haver uma dose certa? Tem uma receita milagrosa? Também gostaria de saber, pois mesmo uma receita de bolo, se fizermos igualzinho como manda a ficha técnica, os ingredientes, e tudo mais, um bolo nunca ficará igual ao outro, no sexo também é assim, e no sexo, não tem receita, temos que usar os nossos instintos, a nossa sintonia sexual com o outro e, o mais importante, nos entregarmos sem tabus e pré-conceitos.
Na cozinha, temos as receitas e os ingredientes, as técnicas de cocção, a temperatura do fogo ou do forno.
No sexo é a nossa temperatura, é o quanto estamos quentes, o quanto estamos excitados e dispostos à entrega sexual.
Então vamos lá, vamos fazer o nosso mise en place e separar todos os ingredientes necessários para essa viagem sexualmente deliciosa.
Que possamos ter sempre criatividade tanto no sexo quanto na cozinha para podermos degustar as delícias do sexo e da comida e nos entregarmos a arte de amar e cozinhar.
Cláudia Marriel
Sexóloga/Chef do amor