Livro: O primeiro dia do resto da nossa vida
Autora: Kate Eberlen
Editora: Arqueiro
Páginas: 432
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Hoje é dia de compartilhar com vocês leitura nova fresquinha. Terminei ainda há pouco o livro O primeiro dia do resto da nossa vida, da autora Kate Eberlen e publicado pela Editora Arqueiro, que considero uma das melhores no quesito diagramação e capa.
Penso que se tem uma frase que define bem esse livro, seria a clássica de Vinicius de Moraes: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. Você vai entender pela sinopse oficial, olha só:
Sinopse: Tess e Gus foram feitos um para o outro. Só que eles não se encontraram ainda. E pode ser que nunca se encontrem… Tess sonha em ir para a universidade. Gus mal pode esperar para fugir do controle da família e descobrir sozinho o que realmente quer ser. Por um dia, nas férias, os caminhos desses dois jovens de 18 anos se cruzam antes que os dois retornem para casa e vejam que a vida nem sempre acontece como o planejado. Ao longo dos dezesseis anos seguintes, traçando rumos diferentes, cada um vai descobrir os prazeres da juventude, enfrentar problemas familiares e encarar as dificuldades da vida adulta. Separados pela distância e pelo destino, tudo indica que é impossível que um dia eles se conheçam de verdade… ou será que não? O primeiro dia do resto da nossa vida narra duas trajetórias que se entrelaçam sem de fato se tocarem, fazendo o leitor se divertir, se emocionar e torcer o tempo todo por um encontro que pode nunca acontecer.
Pontos positivos de O primeiro dia do resto da nossa vida
O livro é um romance interessante e nada clichê, cheio de pontos positivos. O primeiro deles, sem dúvida, é a construção da narrativa, feita em primeira pessoa. Acho muito legal quando você literalmente entra na cabeça do personagem e a narrativa da Eberlen é muito precisa em relação ao que o narrador está sentindo e pensando. Ela soube descrever bem os sentimentos e os pensamentos de cada um. Não é à toa que a gente se envolva tanto com as ações deles, sente tanta raiva de um, se indigna com a atitude do outro e por aí vai.
Também gostei muito que os capítulos são intercalados, sendo que um é contado pela Tess, já o seguinte pelo Gus e assim o enredo se desenvolve. Além disso, a história segue ao longo dos dezesseis anos, o que também é muito bacana, pois vai mostrando o amadurecimento dos personagens e como eles lidam com as frustrações e responsabilidades da vida adulta.
Outra sacada incrível da autora foi incluir fatos bem reais à narrativa ficcional. Do atentado às torres gêmeas em 2001 ao megashow dos Rolling Stones no Hyde Park em 2003, passando pelas descrições maravilhosas da cidade de Florença, na Itália (o que me deixou com mais vontade ainda de ir para lá!), chega um ponto que a gente esquece que tá com uma história de ficção nas mãos.
O que não achei tão legal
Vemos ao longo de O primeiro dia do resto da nossa vida tantos desencontros entre Tess e Gus que em alguns momentos até fiquei irritada. Por exemplo, ela está trabalhando na festa de casamento da cunhada dele, tempos depois ele mora na mesma rua em que ela trabalha, almoçam sempre no mesmo restaurante, e mais. Confesso que precisei folhear algumas páginas do fim para saber se esse encontro iria enfim acontecer ou não (não me julguem, já me decepcionei com muitos livros!).
A autora passou tantas páginas discutindo o que acontecia com eles que quando o encontro enfim acontece, a narrativa ganha um ar corrido e superficial. Eu, como leitora, conhecia bem a Tess e o Gus, mas queria saber como eles “funcionariam” juntos, como casal, e isso não é bem trabalhado. Fiquei com a sensação de que Kate queria acabar logo com a história, que já estava ficando grande (afinal, estamos falando de mais de 400 páginas, não é?).
A ideia é mostrar como um dia, um evento pode afetar toda a trajetória da vida, mas isso não significa interferir em nossos valores e nos levar a agir como não deveríamos. Assim, fica bem difícil entender ou defender os personagens quando eles fazem algumas coisas que não são legais, tanto eles quanto os secundários. Algumas atitudes achei desnecessárias.
E quando rola uma separação (não vou falar de quem para não dar spoiler) a gente fica, tipo: sério mesmo? Vai ser assim e pronto? Muito sofrido para um dos envolvidos e meio sem noção. Não foi legal o modo como o divórcio e a partilha dos filhos foi feita. Na verdade, achei muito injusta.
Em todo caso, foi bastante divertido torcer por um casal que você não sabe se vai se encontrar, especialmente quando você se dá conta de quantos desencontros podem já ter acontecido na sua vida sem que percebesse. Vai que você e seu cônjuge, ou um amigo, já estiveram no mesmo shopping, por exemplo, ao mesmo tempo, mas foram se encontrar tempos depois, em um lugar totalmente diferente?
Foi legal o modo como O primeiro dia do resto da nossa vida lidou com essa reflexão e nos fez perceber que Vinicius de Moraes bem estava certo: a vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro pela vida.