Cozinha projetada por Flávia Dadalto / Foto: Thayná Fernandes 3D
Imagine morar em uma casa escura, sem ventilação, sem a entrada de luz natural, com móveis sem muita definição de uso. Embora essa ainda possa ser uma realidade nos dias de hoje, esse era o tipo de construção que predominava em grande parte das famílias até meados de 1918. E sabe como se deu essa mudança no conceito de residências? Acredite, com a gripe espanhola, que ocorreu entre 1918 e 1920 e matou mais de 50 milhões de pessoas no mundo.
Esse foi o resultado de uma busca na história que a designer de interiores Flávia Dadalto realizou. Em entrevista ao Momento Décor do Folha Vitória, Flávia conta que a gripe espanhola foi o start para a arquitetura e o design. “Os arquitetos da época começaram a observar que a qualidade de vida e as questões comportamentais das pessoas influenciavam completamente naquele momento.”
Hábitos de higiene, como por exemplo, lavar as mãos, não eram feitos com tanta frequência. A limpeza era difícil. Na falta de mobiliários adequados, muitas coisas eram amontoadas em baús, com isso, a proliferação da doença se dava de uma forma muito mais rápida. E foi com a necessidade da evolução no modo de viver, que a arquitetura e o design mostraram mais que a beleza, mas principalmente seu verdadeiro papel social.
“Foi um conjunto. A evolução da medicina com a evolução das ciências, que chamou a atenção dos profissionais de arquitetura. E uma coisa foi evoluindo a outra, um efeito dominó.”
Um exemplo é o renomado arquiteto franco-suíço Le Coubusier. Ele implementou o minimalismo já naquela época, desenvolvendo mobiliários práticos e bem definidos.
E ao que tudo indica, desta vez não será diferente. Diante deste novo momento que estamos enfrentando para combater o novo coronavírus, Flávia Dadalto pontuou o que tem grandes chances de mudar nos conceitos das construções, arquitetura e design de interiores. O ponto de partida dessas mudanças serão os novos comportamentos que se tornarão hábitos.
Diante disso, os lavabos que estavam sendo esquecidos passarão a ser cômodos mais valorizados, para facilitar a higienização, como por exemplo o lavar das mãos. A criação de área suja e área limpa na entrada da casa, voltando aos antigos hábitos de tirar o calçado antes de entrar na residência. A designer de interiores também destacou a importância de projetar uma casa prática. “Independente de simples ou luxuosa, trata-se de uma casa bem resolvida, para que tudo funcione com praticidade. Além de facilitar a higiene, a ideia é aproveitar para ter tempo de curtir a família.” Além disso, Flávia aposta na forte predominância de revestimentos antibactericida nos projetos, com tecnologias que proporcionam uma higiene maior.