As fotografias captam momentos, eternizam memórias e despertam sensações, por isso muitas vezes mergulhamos nas imagens e passamos um longo tempo as apreciando. Quando se trata de fotos de arquitetura, elas ainda despertam o desejo de estar no ambiente retratado.
Ou então, com fins profissionais, expressam o perfil e o conhecimento do responsável pelo projeto arquitetônico. Enfim, cumprem funções pessoais e profissionais que detalho mais abaixo neste.
Mas capturar as particularidades dos projetos requer técnica e um olhar apurado de quem compreende verdadeiramente a essência dos ambientes, construções e edificações.
Camila Santos é um dos principais nomes aqui no Estado e compartilhou com a coluna a relevância dos registros fotográficos. Arquiteta, foi no exercício da profissão que ela se descobriu nessa área e se especializou em fotografia de arquitetura.
“Com um tempo passei a enxergar a fotografia muito além do que um simples registro, enxergo como representação do que sinto do espaço, e representação da intenção daquele profissional naquele projeto. Então minha prioridade é sempre mostrar ao espectador as sensações de estar naquele espaço, desejo de estar ali, compartilha a arquiteta especializada em fotografia de arquitetura.
Por esse motivo, Camila Santos nunca fotografa o espaço da maneira como ele está. Tridimensionalmente ele foi pensado para habitar e transitar. No entanto, levá-lo ao âmbito bidimensional implica em mudança, em seus mínimos detalhes, na configuração do espaço para que, assim, sejam enfatizadas as qualidades do projeto.
O propósito da fotografia de arquitetura
A fotografia de arquitetura exerce um papel documental, de comunicativo e por vezes poético e artístico em alguns aspectos.
“Desde sua invenção ela exerce uma papel de representação arquitetônica, pois, antes dela, essa representação era feita através de desenhos técnicos ou perspectivas. Então para saber como era realmente uma edificação tínhamos que viajar até o local.”
Ela acrescenta que a fotografia garante também a construção de um portfólio na carreira do profissional de arquitetura e interiores, empresas de construção, mobiliário, etc.
Quando utilizada em conjunto a estratégias de marketing, atua como propaganda do trabalho do profissional ou empresa para obtenção de novos clientes através de sites, redes sociais e outras mídias.
“A fotografia de arquitetura pode também ter um viés poético/artístico, quando falamos em causar sensações aos espectadores, quando conseguimos expressar o sentir do espaço sem que ele esteja no ambiente”, afirma Camila.
Quando é importante fazer os registros fotográficos?
Considerando as diferentes finalidades que a fotografia de arquitetura cumpre, como já citado aqui acima, existem diferentes contextos em que os registros profissionais dos ambientes são recomendados.
Mas se ainda restam dúvidas, Camila Santos simplifica: “Sempre que um projeto é finalizado e se ele representa bem seu trabalho e você quer tê-lo bem representado em portfólio e divulgado, vale a pena fotografar, independente da dimensão”.
Um olhar que capta a essência dos projetos
Captar a essência dos ambientes requer um olhar especial e atento às particularidades da arquitetura. Assim como o direito, a medicina e outras áreas de conhecimento possuem diferentes campos de atuação, a fotografia também tem suas áreas e cada uma delas têm suas suas especificidades, equipamentos e técnicas.
“Na fotografia de arquitetura não é diferente. Porém, existem também, dentro da própria fotografia de arquitetura, estilos diferentes que podem ou não diferenciar o equipamento que cada profissional utiliza”, destaca a especialista.
É natural para o leigo supor que fotógrafo consegue fotografar bem qualquer assunto. Mas não é bem assim… É necessário reconhecer as aptidões de cada profissional.
Camila cita que, “por vários autores da área, a fotografia é considerado um híbrido de arte e técnica, então cada fotógrafo, mesmo que especializado na área, fará fotografias que representem o espaço de acordo com a sua perspectiva pessoal da realidade”.
Planejamento
Para uma sessão fotográfica, o planejamento envolve questões como horários de melhor iluminação do espaço, além do contexto do projeto e o seu conceito.
“Minha preferência é sempre pela luz natural. Então procuro saber, antes do agendamento, como se comporta a luz no imóvel. Apesar de, muitas vezes, o que pesa mais é conciliar o horário das partes envolvidas no processo, que são o proprietário, o profissional e a fotógrafa”, compartilha fotógrafa.
“Assim que chego ao espaço, antes mesmo de montar meu equipamento, procuro entender do profissional como surgiu aquele projeto, se foi reforma parcial, total, qual o briefing que ele recebeu, qual o conceito que ele aplicou, quais os materiais, cores e texturas”, acrescenta.
Inicialmente pode parecer que essas informações não influenciam no resultado final das imagens, observa a Camila. Porém, esse contexto permite enxergar o projeto de acordo com a perspectiva do profissional responsável pelo projeto para a fotógrafa então fazer a sua própria interpretação.
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Fotos: Camila Santos