Aliando o velho ao novo em seu projeto arquitetônico, inaugurou em Vitória um estabelecimento que encanta os visitantes ao aguçar os diferentes sentidos. A experiência é um convite a viajar no tempo enquanto saboreia as delícias de um menu contemporâneo.
Localizado numa das ruas mais arborizadas da Praia do Canto, o Tero Gastronomia alia cozinha contemporânea e extensa carta de vinhos. O projeto desenvolvido pelo Studio TMZ Arquitetura vem em consonância com a proposta, numa casa histórica e muito elegante.
“Costumo dizer que o Tero ‘era pra ser’. Vitor e Ivan já estavam buscando um ponto para o novo restaurante. Não por coincidência, já rolava um namoro meu com a casa. Fiz projeto de reforma em um apartamento em frente a casa e ficava namorando a fachada, até pedi para o meu engenheiro se não tinha como a gente comprar aquela parede de pedras quando vimos que seria demolida”, recorda a arquiteta Mariana Thomazini.
“Mas por desistência do investidor em demolir, ou apenas um ‘capricho dos deuses’, a casa ficou disponível para aluguel e nossa proposta foi aceita”, completa.
Através de retrofit de fachada, foi feita uma aliança do novo ao antigo, valorizando o imóvel existente e sua história. Mantendo as pedras das paredes e piso de varanda originais, é feito um convite ao usuário a viajar no tempo e sentir-se acolhido.
“Como o capixaba ama uma área externa e a rua colabora com sombras generosas das árvores, reformamos as grades existentes, deixando um visual livre e limpo pro restaurante.”
E cada detalhe do projeto foi concebido em coerência com a proposta do estabelecimento.
“O requinte do cardápio deveria passar também para o espaço! Muito mais do que falar sobre experiências, a ideia era realmente proporcionar! Então na entrada, criei um mini lago na base da parede de pedra, com uma fonte de água delicada que proporciona um som relaxante”, destaca Mariana.
O piso de entrada também se destaca dos demais e complementa o lago: um piso drenante de pedras naturais. O acesso dá a sensação de “pé no chão”, quebrando a ideia de um espaço intimidador que era um ponto muito importante para os sócios. Texturas de acabamento natural nas paredes e teto proporcionam sensação de conforto nos mínimos detalhes.
Mesas nas áreas externas rodeadas por plantas deixam o espaço aconchegante e descontraído, que é emoldurado por um resedá que foi preservada durante toda a obra para compor o jardim.
A vitrine da adega, iluminada de forma assertiva, dá todo o requinte que o espaço precisava, destacando o ambiente que foi uma construção nova sem agredir o existente. “Bem na premissa do retrofit, respeitar a história, adequando ao presente com sutileza.”
“Na área interna, seguimos a mesma proposta com texturas e acabamentos naturais no piso, teto e paredes, adequados ao uso. Como nem tudo são flores e poesia, foi aqui que tivemos o maior trabalho do projeto: realizar reforço estrutural em estrutura metálica para permitir a integração dos cômodos originais e aberturas de vãos.”
Para quebrar os tons terrosos, o verde foi levado para dentro do espaço em um painel ripado em marcenaria e iluminado.
Uma sala para grupos e pequenos eventos tem um espaço que, no dia-a-dia, permite estar integrado ou não ao salão principal.
Para preencher as paredes, mais uma vez foi unido “o velho e o novo”, com painéis de revestimentos cerâmicos preservados da área interna da casa com obras da artista Vívian Chiabay, uma delas lançamento inspirado no período modernista brasileiro, justamente época da construção da casa.
O revestimento de fundo do bar, visto desde a entrada, batizado de Moema pela capixaba Biancogres, foi inspirado no bairro homônimo, popular no período. Elementos que se encaixam que proporcionam harmonia ao projeto.
O lavabo surpreende com uma belíssima bancada em quartzito Da Vinci, que possui pontos de esmeralda, e cubas de concreto em tom verde formando uma só unidade visual. “Aqui linkamos a nobreza dos vinhos da adega com a nobreza da pedra da bancada e textura especial nas paredes com brilho singular.”
“Para proporcionar conexão com o exterior, inseri uma janela fixa com um jardim de inverno para o corredor de serviço do restaurante. Assim proporcionamos iluminação natural e design biofílico tanto para os clientes quanto para os funcionários que ficam nos intervalos ali”, acrescenta.
A adega, ponto chave do restaurante, tem seu acesso direcionado por painel em madeira e iluminado. É como se fosse feita a transição do antigo para o novo. Os mais de 1000 rótulos expostos são dispostos em móveis de pau ferro, madeira clássica e nobre da Mata Atlântica, aqui aplicadas sob selo de reflorestamento FSC.
O lustre desenhado pela arquiteta Mariana Thomazini e executado em fibra natural na Bahia, proporciona iluminação aconchegante e efeito suave no teto. Um painel iluminado em quartzito White Monaco contrasta com a madeira robusta e destaca vinhos especiais da casa.
“Essa sensação de requinte, harmonia e aconchego era o desejo dos sócios e aliados a técnicas de retrofit, sustentabilidade e design biofílico conseguimos aplicar ao projeto”, afirma Mariana.
Sem palavras para definir obra perfeita.
Parabéns aos arquitetos.