A necessidade de melhorar os salários dos professores brasileiros parece ser um consenso, principalmente porque a medida é um dos pilares do debate sobre qualidade educacional no país.
Estudo realizado em 40 países que compõem a Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico apontou que o Brasil está bem abaixo da média, e perde para países como México, Colômbia e Chile.
Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro anunciou um reajuste de 33,23% no piso salarial dos professores. A questão é menos o “por que”, já que a medida estaria em linha com a ideia de valorizar os profissionais, e sim, o “como” e o “quando”.
Os municípios alegam que já vivem um momento de incertezas econômicas por conta da pandemia, e o reajuste gera um impacto negativo de R$ 35 bilhões nas contas públicas, o que potencializa o desequilíbrio fiscal.
Ainda que seja justo, é preciso perguntar se seria a hora.
O que de fato se sobressai nesse debate é o “como”. Enquanto os governantes de plantão não discutirem uma política pública de educação, as decisões serão tomadas de acordo com as circunstâncias e com o jogo político.
Lembremos que estamos em ano de eleição e para evitar desgastes, evita-se também enfrentar interesses corporativos, mesmo em nome de um equilíbrio nas contas públicas, que em última análise é o que permite a manutenção dos serviços sociais para a maioria da população.
Os tempos da política e dos políticos não necessariamente são os de quem eles representam.