As cenas de destruição vistas na última semana em Petrópolis, no Rio de Janeiro, em diversos municípios mineiros e em cidades capixabas, principalmente em Alegre, no Sul do Estado, trazem um misto de tristeza, medo e indignação.
Culpar a quantidade de chuva pelas tragédias é no mínimo desviar o curso lógico do debate. Desastres naturais acontecem, mas os resultados não podem ser naturalizados.
A título de exemplo, relatórios produzidos pela ONU mostram que mortes causadas por desastres naturais vêm caindo vertiginosamente no mundo. Na década de trinta, o número girava em torno de 450 a cada 1 milhão de pessoas. No século atual, são 10 mortes para o mesmo grupo. O gráfico pode ser encontrado no livro FactFullness, do médico e estatístico Hans Rosling.
A conclusão simples é que ao longo da história da civilização a humanidade tem aperfeiçoado a capacidade de mitigar os efeitos negativos.
Justamente por isso, o poder público não tem o direito de justificar as tragédias da última semana por conta da quantidade de chuva no período. Não!
Esse argumento banaliza a dor de milhares de pessoas e minimiza a responsabilidade de quem tem o dever de garantir a segurança e o bem-estar da população.
Em maior ou menor grau, o que falta é planejamento e coragem para fazer o que tem que ser feito.
Há inúmeros exemplos pelo mundo e, a nossa população merece ser tratada com dignidade.